o que os povos Bantos cultivavâm e o que eles criavam também?
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Resposta:
os bantos não são um povo, nem sequer são uma etnia. Banto é um tronco linguístico, ou seja, é uma língua que deu origem a diversas outras línguas africanas. Hoje são mais de 400 grupos étnicos que falam línguas bantas, todos eles ao sul da linha do Equador.
Essas línguas possuem características comuns, como usar a palavra bantu (plural) para designar "pessoas", "seres humanos" (o singular é muntu). Mas, fora a semelhança na linguagem, os diversos povos não possuem nada em comum: nem religiosidade, nem traços físicos, nem formas de organização social ou política.
Os estudiosos da linguagem acreditam que a língua banta se originou na região onde hoje ficam a República de Camarões e a Nigéria, na África Ocidental. Por algum motivo que ainda se desconhece, por volta do século 1 d.C., parte da população local iniciou uma expansão ao leste e ao sul, povoando territórios desocupados e, também, fazendo guerras, expulsando, se misturando aos povos que encontravam. As várias línguas que existiam nesses territórios foram assimiladas, fundidas, mas mantiveram traços característicos do banto, por isso são consideradas línguas bantas.
Dessa forma, o estudo do banto é um dos mais importantes caminhos para se compreender o processo de formação de muitos dos povos africanos.Para se ter uma ideia, hoje em dia, em uma grande quantidade de países da África fala-se línguas bantas: Camarões, Gabão, Congo, República Democrática do Congo, Uganda, Quênia, Tanzânia, Moçambique, Malauí, Zâmbia, Angola, Namíbia, Botsuana, Zimbábue, Suazilândia, Lesoto, África do Sul. E se formos analisar com mais cuidado, encontraremos também influência do banto em toda a América, já que muitos desses povos africanos foram trazidos para cá como escravos e ajudaram a construir as línguas americanas.
As cidades bantas do litoral oriental africano
Desde a Antiguidade as relações comerciais entre os africanos e os árabes eram intensas. Aproveitando os ventos do Oceano Índico (as monções), que sopravam de leste a oeste em metade do ano e de oeste a leste na outra metade do ano, mercadores árabes chegaram ao litoral africano e ali ajudaram a criar ricos centros mercantis.
No século IX, várias cidades bantas, ligadas aos portos de comércio no litoral do Oceano Índico, prosperaram e muitas delas foram citadas pelos escritores da época (que as comparavam com os mais ricos centros comerciais do mundo), onde era possível comercializar marfim, ouro, pedras preciosas, ferro, couro e escravos.
Apesar de essas cidades terem sido fundadas por povos diferentes (mas de língua banta), os árabes as chamavam de suaílis, ou seja, "planície costeira". Com o passar do tempo, os povos africanos que ali habitavam foram sendo identificados como suaílis e até hoje são assim chamados. Por causa da grande relação social e comercial com os árabes, inclusive com levas de migrantes vindos da Arábia, os suaílis acabaram se convertendo ao islamismo.
Mas não podemos esquecer: os povos chamados hoje de suaílis são povos diferentes que, apesar de iguais na língua banto e na religião islâmica, não têm características físicas nem históricas em comum.
As mais importantes cidades suaílis entre o século IX e XVI foram:
Socotorá: é um arquipélago, próximo à Etiópia, que já era citado em textos gregos como uma região comercial, antes mesmo de os bantos chegarem à região.
Mogadíscio: cidade mercantil tomada pelos árabes em torno do século IX, hoje é capital da Somália.
Quiloa: ilha da Tanzânia, tomada pelos persas no século X.
Zeila: um importante centro de colonização árabe na Somália.
Melinde: cidade fundada pelos suaílis em torno do século XIV no atual Quênia.