Português, perguntado por ANAILUJ0, 8 meses atrás

O que o rap, o cordel e Repente tem em comum com o trovadorismo?

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Respondido por ana2511maria
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Rima e improviso são características de algumas atividades que fazem parte da cultura brasileira. E são evidenciadas nas regiões do nordeste, mas hoje podem ser encontradas no Rio de Janeiro e São Paulo. Como é o caso da leitura de cordel, repente e também o rap, o mais conhecido entre os estilos.

A arte do improviso e a rima estão presentes tanto na literatura quanto nos estilos musicais, muitas vezes são usados para contar histórias, expor ideias e falar sobre questões sociais e políticas que marcaram suas regiões. Apesar das semelhanças, o cordel, repente e o rap não surgiram da mesma maneira, possuem interferências das regiões em que surgiram. “A origem destes três segmentos de cultura é diferente. O ponto de convergência entre os três são as rimas, mas as diferenças em termos de arranjos sonoros são gritantes.” explica o produtor e compositor nordestino, Cauê Procópio.

O cordel através das rimas colocadas em folhetos conta histórias reais, fictícias e também notícias do mundo para o povo. O repente, através do improviso cantado e acompanhado por um pandeiro e viola traz o duelo entre dois trovadores que cantam em seus versos o cotidiano do povo do nordeste. E o Rap, o mais popular dos estilos, conhecido em todo o mundo através de suas rimas e batidas, tem variações entre cantar a realidade social dos moradores das favelas, ou guetos no caso dos Estados Unidos, onde teve origem, os problemas com a polícia e também sobre mulheres e drogas.

Cada uma dessas linguagens faz parte da cultura do povo brasileiro, mas ainda não estão totalmente inseridas na educação e na mídia brasileira. Falta espaço, pois faz parte também da cultura do Brasil em deixar um pouco de lado suas raízes e usar inspirações americanas. ” Nos canais abertos de televisão e também nas rádios a programação musical é quase que totalmente voltada para a cultura americana. Raramente ouve-se uma música nordestina nas rádios e quando ouvimos, sempre há o caráter de música regional, dando o falso engano de que aquilo não pode se transformar em música universal”, afirma Procópio

Em contato com a arte

A cultura popular brasileira traz as características do povo brasileiro e deixa a marca durante gerações, que mantêm acesas as tradições durante anos. O cordel, e o repente trazem um pouco do nordeste e suas histórias. No cordel você encontra contos sobre Lampião e vários acontecimentos que viraram notícia,entre outras histórias e são vendidos pelos próprios autores. Mas ainda não vê escolas em todo o Brasil ensinando aos alunos sobre o cordel e possibilitando os estudantes a produzirem.

Segundo o pianista, produtor musical e maestro da Dynamic Coral e Orquestra, Renato Zanuto existem alguns projetos, mas não existe um alcance fora do nordeste. “Tenho conhecimento de alguns projetos que levam cordel para as escolas, mas apenas na região nordeste, seria muito enriquecedor se houvessem nas demais regiões”, aponta.

Mas o contato com essas vertentes culturais pode crescer através do trabalho desses músicos e autores fazendo seu trabalho do nordeste ao resto do Brasil e no mundo. “Eu sou compositor e nordestino, portanto trabalho também com isso. Acompanhando musicalmente contadoras de histórias como Juliana Mado E Maria Teixeira trabalhei em escolas mostrando repentes, baiões, cocos, cirandas e tradições como a catira e o cavalo marinho”, conta Cauê Procópio.

Alguns já estão conquistando espaço, concorrendo a prêmio e realizando trabalhos com artistas consagrados. “Tive contato com o Rap e com o Repente quando gravei o album Hubris I e II (indicado ao Grammy Latino) do guitarrista Andreas Kisser, onde recebemos entre as participações especiais o rapper Rappin Hood e o repentista pernambucano João Heleno. Em outro trabalho, o disco do Carlinhos Zodi, recebemos a participação do Marcelo D2, que passeia por diversos etilos, mas principalmente o Rap”, finaliza Zanuto.

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