Química, perguntado por Usuário anônimo, 1 ano atrás

O que o efeito estufa faz no furacão????

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Respondido por evanildajacone1
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Há forte relação entre a elevação da temperatura do planeta e catástrofes naturais, dizem Rogério Cezar de Cerqueira Leite, físico e professor emérito da Unicamp, e Marcelo Enrique Seluchi, doutor em meteorologia e chefe da Diretoria de Operaç

Valor: Há relação de causa e efeito entre aquecimento global e perturbações climáticas observadas nestes últimos tempos?

Rogério Cezar de Cerqueira Leite: Sim.  Há, entretanto, alguma divergência quanto à relação entre a freqüência destes acontecimentos e o aquecimento global.  O que se tem observado é aumento de intensidade.  Embora no passado tenha havido anomalias climáticas de grande intensidade, estas se tornam mais freqüentes, mas não se observa um número global maior de acontecimentos.  Na realidade, as leis da física dizem que, se há aumento de intensidade, deve também haver aumento de freqüência.  Estou entre os que acham que uma avaliação mais detalhada deve mostrar que também está havendo aumento de freqüência, pois há um número maior de áreas nos oceanos com temperaturas acima de 27 º C ou 28 º C do que havia no passado.

Marcelo Enrique Seluchi: É uma pergunta difícil, mas acredito que sim.  Hoje, a temperatura do planeta está mais alta do que há cem anos, ou seja, a mesma causa meteorológica em um ambiente mais frio, como no passado, teria provocado um furacão mais fraco.  O Rita é o terceiro furacão mais intenso da história.  Recordes, como este, têm ocorrido com mais freqüência nos últimos anos.

Valor: O governo Bush abandonou o Protocolo de Kyoto sob a justificativa de que as suas metas prejudicariam a atividade econômica do país.  Com os Katrinas e Ritas varrendo o país há chances de os americanos reverem sua posição?

Cerqueira Leite: Acho que vai precisar mais algumas Katrinas e Ritas para convencer o presidente Bush e os políticos americanos.  O que se tem a perder do ponto de vista estritamente financeiro com a rejeição do uso de petróleo e outros combustíveis fósseis ainda não compensa as perdas com cataclismas.

Seluchi: Muitas empresas petroleiras, indústrias, empresas de seguro, estão sendo prejudicadas pelos danos do Katrina e do Rita.  Estas indústrias vão começar a pressionar o governo americano.  Portanto, eu acho que hoje é um pouco mais provável uma revisão da política industrial praticada pelos EUA.

Valor: O Brasil corre o risco de entrar no circuito mundial dos furacões?

Cerqueira Leite: Embora haja um início de aumento de temperatura do Atlântico Sul em alguns pontos, é muito pouco provável que se chegue tão cedo às condições absolutamente necessárias para que furacões se tornem possíveis.  Um ou outro talvez possa acontecer, mas nunca será como no Atlântico Norte, no Índico e no Mar da China.  Isso possivelmente não acontecerá antes de 20 anos, ou melhor, quando a densidade de CO2 equivalente atingir cerca de 430 p.p.m.

Seluchi: A probabilidade é pequena.  Mas não há o que se comemorar.  Tivemos no ano passado, em Santa Catarina, o Katarina, que até é denominado de furacão, mas não é igual aos furacões do Hemisfério Norte.  Foi um aviso.  E é preciso lembrar que há no Brasil outros fenômenos, causados pelo aquecimento global, que podem ter impactos tão nocivos quanto os grandes furacões.  As tempestades provocadas pelo calor e a umidade no fim da tarde, em toda faixa central, podem se tornar mais intensas e freqüentes por causa do aumento da temperatura.  E junto com o aquecimento global vem também o desmatamento da Amazônia.  Isso é terrível para o Brasil e para a América do Sul.  Teremos menos chuvas em algumas regiões, provocando secas mais prolongadas, e tempestades violentas.  Estamos livres dos furacões, mas não livres de fenômenos climáticos catastróficos

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