o que mudou em relação a importância do petróleo após a Segunda Guerra Mundial
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mais de 42% em relação ao ano de 1945, de forma que, à época, o
petróleo já satisfazia mais da metade das necessidades energéticas dos Estados Unidos,
tendo substituído, inclusive, o carvão. As experiências colhidas durante a Segunda
Guerra em relação ao petróleo também se mostraram importantes na definição do
panorama da Guerra Fria.
A Arabian-American Oil Company (Aramco) apresentava-se em posição de
controle na Arábia Saudita, e o desenvolvimento do país dependia da expansão da
exploração do petróleo. Por sua vez, a Europa necessitou do aumento da produção de
petróleo para a sua recuperação econômica no pós-guerra, que passou a ser extraído no
Oriente Médio. Assim, no pós-guerra imediato, a Alemanha, por exemplo, apresentava
séria escassez de matéria-prima e, como consequência, empresas quebraram, a inflação
era demasiado alta e não havia dólares americanos suficientes nas reservas para saldar
as importações. A Europa vivia uma crise energética, e a situação se tornava
particularmente difícil nos meses de inverno, por conta da necessidade de calefação.
Nesse sentido, o Plano Marshall auxiliou a Europa a solucionar o problema da carência
de energia, o que se refletiria diretamente na produção, retomada do crescimento e
mesmo no dia-a-dia das pessoas, o que foi, em grande medida, um elemento central na
contenção do poder soviético.
Os líderes árabes, percebendo a importância do petróleo para o Ocidente,
passaram a atuar de forma mais incisiva nesse jogo de poder e riqueza, renegociando
concessões e revendo alianças, como foi o caso da Aramco a partir de 1948. Seguindo
as ideias de David Ricardo que, há mais de séculos dizia que “homens práticos que se
julgam isentos de qualquer influência intelectual geralmente são escravos de algum
economista morto”, estes líderes árabes, sheiks, reis, presidentes, ou homens de
negócios se aproveitaram do ambiente mais estável do pós-guerra e passaram a
manipular o petróleo.
O conceito do “rendimento” como algo distinto dos lucros normais, também
parte da tese de David Ricardo, se configurava perfeitamente aplicável ao caso do
petróleo. Em caráter exemplificativo, dizia ele que ao se imaginar dois proprietários, um
deles titular de campo muito mais fértil que o outro, este, mesmo gastando
consideravelmente menos do que aquele, venderia o produto final pelo mesmo preço em
nome da competição. Como consequência, aquele que tem o solo menos fértil, apesar da
possibilidade de lucro, estaria em déficit quanto ao proprietário do campo mais fértil,
uma vez que este não só terá lucro, como também rendimento, derivado da qualidade
específica de sua terra, e não de sua engenhosidade ou trabalho árduo. Este princípio
também era aplicável no tocante ao petróleo, o que gerava muitas disputas tanto entre
companhias que exploravam esse bem quanto entre Estados que os possuíam. De
acordo com o economista de petróleo M. A. Adelman, o possuidor deste recurso natural
apresenta lucro muito maior do que o necessário para manter sua produção, desejando
uma parcela dos rendimentos que, uma vez adquiridos, se destinará ao aumento desta.
Fora do Oriente Médio, a Venezuela se destacava como fonte de petróleo.
Na década de 30, durante o governo Gomez, o país já apresentava 90% de sua
exportação dependente do petróleo, o chamou a atenção dos Estados Unidos, que
receava que, dada a sua importância como principal fornecedora de petróleo para o
mercado americano, pudesse causar problemas. A Venezuela era responsável por
metade companhias e sociedades que se sentiam frustradas com os resultados econômicos e
sociais da exploração do petróleo.
Assim, apesar da existência de muitas razões para a ocorrência de conflitos
internacionais no mundo, ao se analisar rapidamente o caso específico do petróleo, é
possível verificar que os bens escassos contribuíram para a queda, ascensão e
manutenção de poder de seus possuidores, que claramente obtiveram vantagens sobre os
demais Estados historicamente. O Petróleo, indubitavelmente, integra a história mundial
de maneira a ser responsável por conquistas, poder e dinheiro e, da mesma forma que
afigurou-se fundamental à humanidade no passado, ainda por muito tempo no futuro
permanecerá reafirmando sua essencialidade, até que se descubra outro recurso capaz de
oferecer as mesmas vantagens
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