O que foi pirralho ?
Soluções para a tarefa
Resposta:
O Pirralho foi uma revista predominantemente literária e política lançada em São Paulo (SP) em 12 de agosto de 1911, fundada por Oswald de Andrade e Dolor de Brito com o objetivo de questionar e repensar a arte brasileira. Enquadrado na excitação cultural que culminou no Modernismo – que, por sua vez, encontrou seu expoente na Semana de Arte Moderna de 1922 –, a publicação era propriedade formal de José Oswald N. de Andrade, pai de Oswald de Andrade, sendo, no entanto, dirigida pelos fundadores. Renato Lopes ainda assinava como representante no Rio de Janeiro. À época um desconhecido aspirante a escritor, Oswald de Andrade havia começado a publicação com a ajuda financeira de sua família, ocupando inicialmente o expediente, com o nome de Oswald Júnior, no cargo de secretário de redação. Sua revista, além de ícone do chamado Pré-Modernismo, teve grande importância no início de século XX paulistano.
Com sede no nº 50 da Rua XV de Novembro, funcionando numa sala simples de sobrado, O Pirralho era inicialmente publicado semanalmente, aos sábados, em tiragens iniciais de 5 mil exemplares. Seu número de páginas, com o passar do tempo, variou entre cerca de 12 e 20. Nos seus primeiros momentos, contava com o preço de capa de $200, com assinaturas anuais a 10$000 – depois, no entanto, o valor de cada exemplar subiria para $400.
Além de explorar o mundo das letras de sua época, a publicação tinha abordagens políticas e sociais, em uma forte crônica humorística e satírica. Era um periódico típico da Bela Época nacional, dado o seu foco nas diversões da elite, a sua forte coluna social e nas importantes figuras da intelectualidade de então, que marcavam presença em suas páginas – para as edições iniciais, Oswald de Andrade havia conseguido a colaboração de escritores cariocas como Olavo Bilac, José do Patrocínio Filho, Goulart de Andrade, Affonso Celso, Thomas Cunha e Emílio de Menezes, que foi próximo à criação do periódico, influenciando fortemente Oswald de Andrade. Ao longo de sua história, O Pirralho teve ainda outros ilustres colaboradores, caso de Alexandre Marcondes Machado, Guilherme de Almeida, Cornélio Pires, Jayme Gama, Amadeu Amaral, entre outros (ver abaixo). Nas ilustrações, Lemmo Lemmi (de pseudônimo Voltolino, sendo um dos sócios de Andrade no periódico), Di Cavalcanti, Ferrignac e Jorge Colaço também publicaram no semanário, assim como o caricaturista inglês “Mr. Forrest”, que em 1911 mandava desenhos feitos “nas ruas do Rio”. Quanto ao expediente formal da revista, a partir do nº 4, de 2 de setembro de 1911, o mesmo deixou de ser publicado, figurando em seu lugar apenas o slogan “Semanario Illustrado d'importancia... evidente”.
O caráter político de O Pirralho era exposto logo em seu nº 1, no texto “A politica do Pirralho”:
O Pirralho é um crila intelligente e sobretudo moderno. Ainda na escola, já o petiz faz politica com as professoras e o director compenetrado. Mas de politica mesmo, dessa coisa pegajosa com que os nossos homens importantes lambusam as consciencias, é que o pobresinho entende pouco. Tem birra do Hermes (da Fonseca). Acha muita graça no capitão Rodolpho (Nogueira da Rocha Miranda) porque elle tem cara de padre e não é padre, é capitão. Sympathisa com o Almirante João Candido. Antipathisa com o Marques da Rocha.