o que foi a rivalidade na africa? (bem esplicado)
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Há um mês, a Nigéria anunciou que havia desbancado a África do Sul como maior economia do continente, depois de uma revisão da metologia. De US$ 292 bilhões, seu PIB foi reajustado para US$ 510 bilhões, bem mais do que do que o da África do Sul, US$ 370 bilhões. Foi um balde de água fria na cabeça do presidente Jacob Zuma, 4 semanas antes da eleição que marcou os 20 anos do fim do regime do Apartheid. Mas a precariedade política e social nigeriana saltou aos olhos do mundo dias depois, com o rapto de quase 300 meninas no Norte do país pelo grupo islâmico Boko Haram. Como dr. Jekyll, o médico, e mr. Hyde, o monstro, duas Nigérias opostas se exibiram para o mundo. Uma, a da potência regional emergente que sonha tomar o lugar da África do Sul como líder continental. A outra, a do país atacado pela exclusão e pelo fundamentalismo religioso.
Na segunda-feira, apenas dois dias antes do início do Fórum Econômico Mundial em Abuja (uma versão africana do encontro de Davos), a Nigéria figurou nas manchetes mundiais pelas razões erradas: a divulgação de um vídeo no qual Abubakar Shekau, o líder do secto jihadista, assumia o rapto com um sorriso desafiador. Ele dizia que por recomendação de Alá, venderia as meninas como escravas. Algumas já haviam sido comercializadas por valores correspondentes a R$ 30. Uma campanha mundial tomou conta das redes sociais: “Traga de volta as nossas meninas”. O Boko Haram (ou “A Educação Ocidental é Proibida”) reivindica que o país — com população cristã no Sul e muçulmana no Norte — siga estritamente a Sharia, a lei islâmica.
Freedom Onuoha, pesquisador do National Defence College, da Nigéria, explica — em um capítulo do livro “Islamism, Politics, Security and the State in Nigeria”, publicado pelo Instituto Francês de Pesquisa sobre a África, na Nigéria — que a audácia do Boko Haram reflete a fraqueza do estado nigeriano. “A frustração criada pela pobreza e pelo desemprego tem papel fundamental em fazer com que jovens caiam vítimas dos apelos violentos e das ideologias extremistas”, diz Onuoha. Eles são chamados na Nigéria de “Almajirai” (estudantes itinerantes), uma versão nigeriana dos jovens Talibans do Afeganistão. Sem perspectivas, migram para as cidades onde são mobilizados por esses centros de doutrinação radical.
Enquanto o mundo acompanhava o drama das estudantes raptadas, cerca de mil acadêmicos, representantes da sociedade civil, empresários, líderes políticos – inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — participavam do Fórum Ecnômico, que debateu dois temas cruciais: o crescimento inclusivo e a criação de empregos. Maior produtora de petróleo do continente, a Nigéria cresceu em média 6,8% entre 2005 e 2013. Com 170 milhões de habitantes, é o país mais populoso da África. O chamado dividendo demográfico foi um dos fatores que que fez o economista Jim O’Neill, criador da sigla BRICS — incluísse a Nigéria em um novo acrônimo: MINT (que inclui ainda o México, a Indonésia, e a Tunísia). São os mercados prósperos em termos da força de trabalho.
A notícia do novo PIB nigeriano não foi bem digerida pelos sul-africanos e colocou lenha na fogueira da rivalidade entre as duas nações. Muitos dizem tratar-se de uma distorção. A economia da África do Sul é muito mais diversificada e tem uma infraestrutura incomparavelmente melhor do que a da Nigéria. Os sul-africanos produzem dez vezes mais energia para uma população três vezes menor do que a Nigéria. O PIB pode ser maior, mas o fato é que os nigerianos não vivem melhor.
Na segunda-feira, apenas dois dias antes do início do Fórum Econômico Mundial em Abuja (uma versão africana do encontro de Davos), a Nigéria figurou nas manchetes mundiais pelas razões erradas: a divulgação de um vídeo no qual Abubakar Shekau, o líder do secto jihadista, assumia o rapto com um sorriso desafiador. Ele dizia que por recomendação de Alá, venderia as meninas como escravas. Algumas já haviam sido comercializadas por valores correspondentes a R$ 30. Uma campanha mundial tomou conta das redes sociais: “Traga de volta as nossas meninas”. O Boko Haram (ou “A Educação Ocidental é Proibida”) reivindica que o país — com população cristã no Sul e muçulmana no Norte — siga estritamente a Sharia, a lei islâmica.
Freedom Onuoha, pesquisador do National Defence College, da Nigéria, explica — em um capítulo do livro “Islamism, Politics, Security and the State in Nigeria”, publicado pelo Instituto Francês de Pesquisa sobre a África, na Nigéria — que a audácia do Boko Haram reflete a fraqueza do estado nigeriano. “A frustração criada pela pobreza e pelo desemprego tem papel fundamental em fazer com que jovens caiam vítimas dos apelos violentos e das ideologias extremistas”, diz Onuoha. Eles são chamados na Nigéria de “Almajirai” (estudantes itinerantes), uma versão nigeriana dos jovens Talibans do Afeganistão. Sem perspectivas, migram para as cidades onde são mobilizados por esses centros de doutrinação radical.
Enquanto o mundo acompanhava o drama das estudantes raptadas, cerca de mil acadêmicos, representantes da sociedade civil, empresários, líderes políticos – inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — participavam do Fórum Ecnômico, que debateu dois temas cruciais: o crescimento inclusivo e a criação de empregos. Maior produtora de petróleo do continente, a Nigéria cresceu em média 6,8% entre 2005 e 2013. Com 170 milhões de habitantes, é o país mais populoso da África. O chamado dividendo demográfico foi um dos fatores que que fez o economista Jim O’Neill, criador da sigla BRICS — incluísse a Nigéria em um novo acrônimo: MINT (que inclui ainda o México, a Indonésia, e a Tunísia). São os mercados prósperos em termos da força de trabalho.
A notícia do novo PIB nigeriano não foi bem digerida pelos sul-africanos e colocou lenha na fogueira da rivalidade entre as duas nações. Muitos dizem tratar-se de uma distorção. A economia da África do Sul é muito mais diversificada e tem uma infraestrutura incomparavelmente melhor do que a da Nigéria. Os sul-africanos produzem dez vezes mais energia para uma população três vezes menor do que a Nigéria. O PIB pode ser maior, mas o fato é que os nigerianos não vivem melhor.
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