O que é uma naçao subjugada
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Não é mais possível fugir da constatação de que a economia grega ficou incapaz de gerar riqueza para fazer frente aos seus compromissos. Refém de dívidas bilionárias, cortando investimentos, salários e empregos em troca de ajuda externa e tentando poupar os últimos tostões, a Grécia aniquilou nessa toada qualquer chance de recuperação no curto, médio e mesmo no longo prazo. Com o segundo pacote bilionário de socorro – cerca de 130 bilhões de euros em empréstimos liberados na semana passada, pouco tempo depois de ter captado outros 110 bilhões de euros –, o país entrega os últimos resquícios da imagem de uma nação autônoma, senhora de seu destino. Não é para menos que suas ruas foram tomadas por protestos e reações anárquicas.
A Grécia está aos pés de credores da União Europeia, presa a exigências insuportáveis de organismos multilaterais. Na literatura médica, seria o típico caso do paciente que sucumbe vítima dos próprios remédios. Baqueado, atacado por uma doença avassaladora, sem anticorpos suficientes para barrar o avanço do mal que lhe consome gradativamente, submeteu-se a um tratamento de risco com poucas chances de resposta. Não é ainda o caso de pedir a extrema-unção, mas o país parece ter entrado na UTI em um coma quase irreversível. Só resta torcer. No diagnóstico de sua tragédia exibe uma dívida muito maior do que o PIB, taxa de desemprego no patamar de 50% entre os jovens, desmandos administrativos, maquiagem de contas públicas e descontrole orçamentário.
Uma tragédia de várias faces. Nos últimos dois anos, a Grécia viu sumir do mapa nada menos que um quarto de suas empresas. A incapacidade produtiva a conduz, inexoravelmente, para a dependência de mais e mais recursos dos credores, num ciclo perverso. Alguns analistas chegaram a sugerir, jocosamente, que ela vendesse parte de seu patrimônio, terras e monumentos, como a milenar Acrópole. Como um doente contagioso, recebeu de parceiros do mercado comum a proposta de uma quarentena, espécie de sabático da zona do euro. Deixar a Grécia à própria sorte, numa epopeia de flagelação sem fim, pode trazer consequências sérias para o resto do mundo. A banca financeira e as autoridades globais têm a responsabilidade de mudar esse destino e de resgatá-la em nome do interesse geral.