o que é um diálogo musical?
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O livro de ensaios e críticas "O Diálogo Musical", do maestro e musicólogo alemão Nikolaus Harnoncourt, 65, lançado pela editora Jorge Zahar, é uma obra rara pela nitidez com que apresenta assuntos áridos como os processos de interpretação da música pré-romântica.
Harnoncourt destoa de seus colegas. Maestros e musicólgos gostam de tratar esse tipo de música como se ela fosse um arcano inacessível. Dirigem-se às multidões feito arqueólogos iluminados, proprietários de uma senha mágica. Harnoncourt escreve sobre o assunto com a precisão de um professor de anatomia. Ao dirigir concertos e gravações à frente de diversas orquestras, faz questão de transformar a experiência de execução e de audição em móvel de conhecimento.
"O Diálogo Musical" é o segundo livro de Harnoncourt a ter sido lançado no Brasil. O primeiro, "O Discurso dos Sons", de 1983, lançava a farpa fatal contra a música contemporânea. Segundo o maestro, ela não funciona porque deu as costas ao público e perdeu o senso de realidade. Os compositores pós-vanguardistas guardaram silêncio.
Depois da refutação do Modernismo, Harnoncourt apontou a arma para o Romantismo. O volume mais recente trata de pôr a mão na massa da crítica. Por meio da análise da cultura de execução das obras dos compositores Claudio Monteverdi (1567-1643), Johann Sebastian Bach (1685-1750) e Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), ele procura desmontar preconceitos e mitos que giram em torno e fazem parte da prática da música "antiga". Demonstra que o termo engloba as tradições medieval, renascentista e barroca e, na verdade, faz parte da visão mítica que o Romantismo alimentava em relação ao passado.
"Somos músicos contemporâneos em plena atividade e não uma espécie de "arqueólogos musicais", afirma Harnoncourt, referindo-se à forma como Bach anda sendo interpretado pelos fundamentalistas barrocos em moda. Parece uma frase contraditória, em se tratando de um dos fundadores da moda da intepretação histórica.
Harnoncourt criou há 41 anos o Concentus Musicus de Viena, um dos detonadores da moda "arqueológica" e responsável pela restauração e gravação nos anos 70 das três óperas de Monteverdi –"Orfeo" (Mântua, 1607), , "Il Ritorno d'Ulisse in Patria" (Veneza, 1641) e "L'Incoronazione di Poppea" (Veneza, 1642). O Concentus Musicus inaugurou a prática de utilizar a gravação como suporte principal da restauração do Barroco.
Em "O Discurso dos Sons", o maestro evita a miragem da origem sem deixar de exigir a fidelidade às fontes. No capítulo dedicado a Monteverdi, explica que o processo de criação do compositor barroco lembra mais a do autor de musicais modernos do que a do inspirado artista romântico.
Diz, por exemplo, que os barrocos escreviam óperas de maneira incompleta. Anotavam a melodia principal e cifravam as harmonia, deixando espaço para a improvisação do baixo contínuo e a criatividade do encenador. Não se pode, portanto, comparar Monteverdi, que mandava o aluno Francesco Cavalli completar suas óperas, com o hiperindividualista Beethoven.
Harnoncourt mostra que nem sempre o uso de uma pequena orquestra para tocar Bach ou Mozart, como o fazem os músicos históricos de hoje, é caução de rigor. Esclarece que os mestres pré-românticos costumavam alterar bastante o número de executantes de acordo com a ocasião.
Os procedimentos defendidos pelo maestro parecem ser mais historiográficos do que propriamente históricos. Na realidade, Harnoncourt pretende liberar duas vezes o Barroco da tradição romântica. Descarta teoricamente a interpretação romântica e, na prática, divorcia a música barroca do espaço do concerto –nervo mais sensível da cultura romântica. A aura do momento catártico da execução deixou de ter importância para a música histórica. O tempo longo da pesquisa se torna mais fundamental.
espero ter ajudado !!!!!
Harnoncourt destoa de seus colegas. Maestros e musicólgos gostam de tratar esse tipo de música como se ela fosse um arcano inacessível. Dirigem-se às multidões feito arqueólogos iluminados, proprietários de uma senha mágica. Harnoncourt escreve sobre o assunto com a precisão de um professor de anatomia. Ao dirigir concertos e gravações à frente de diversas orquestras, faz questão de transformar a experiência de execução e de audição em móvel de conhecimento.
"O Diálogo Musical" é o segundo livro de Harnoncourt a ter sido lançado no Brasil. O primeiro, "O Discurso dos Sons", de 1983, lançava a farpa fatal contra a música contemporânea. Segundo o maestro, ela não funciona porque deu as costas ao público e perdeu o senso de realidade. Os compositores pós-vanguardistas guardaram silêncio.
Depois da refutação do Modernismo, Harnoncourt apontou a arma para o Romantismo. O volume mais recente trata de pôr a mão na massa da crítica. Por meio da análise da cultura de execução das obras dos compositores Claudio Monteverdi (1567-1643), Johann Sebastian Bach (1685-1750) e Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), ele procura desmontar preconceitos e mitos que giram em torno e fazem parte da prática da música "antiga". Demonstra que o termo engloba as tradições medieval, renascentista e barroca e, na verdade, faz parte da visão mítica que o Romantismo alimentava em relação ao passado.
"Somos músicos contemporâneos em plena atividade e não uma espécie de "arqueólogos musicais", afirma Harnoncourt, referindo-se à forma como Bach anda sendo interpretado pelos fundamentalistas barrocos em moda. Parece uma frase contraditória, em se tratando de um dos fundadores da moda da intepretação histórica.
Harnoncourt criou há 41 anos o Concentus Musicus de Viena, um dos detonadores da moda "arqueológica" e responsável pela restauração e gravação nos anos 70 das três óperas de Monteverdi –"Orfeo" (Mântua, 1607), , "Il Ritorno d'Ulisse in Patria" (Veneza, 1641) e "L'Incoronazione di Poppea" (Veneza, 1642). O Concentus Musicus inaugurou a prática de utilizar a gravação como suporte principal da restauração do Barroco.
Em "O Discurso dos Sons", o maestro evita a miragem da origem sem deixar de exigir a fidelidade às fontes. No capítulo dedicado a Monteverdi, explica que o processo de criação do compositor barroco lembra mais a do autor de musicais modernos do que a do inspirado artista romântico.
Diz, por exemplo, que os barrocos escreviam óperas de maneira incompleta. Anotavam a melodia principal e cifravam as harmonia, deixando espaço para a improvisação do baixo contínuo e a criatividade do encenador. Não se pode, portanto, comparar Monteverdi, que mandava o aluno Francesco Cavalli completar suas óperas, com o hiperindividualista Beethoven.
Harnoncourt mostra que nem sempre o uso de uma pequena orquestra para tocar Bach ou Mozart, como o fazem os músicos históricos de hoje, é caução de rigor. Esclarece que os mestres pré-românticos costumavam alterar bastante o número de executantes de acordo com a ocasião.
Os procedimentos defendidos pelo maestro parecem ser mais historiográficos do que propriamente históricos. Na realidade, Harnoncourt pretende liberar duas vezes o Barroco da tradição romântica. Descarta teoricamente a interpretação romântica e, na prática, divorcia a música barroca do espaço do concerto –nervo mais sensível da cultura romântica. A aura do momento catártico da execução deixou de ter importância para a música histórica. O tempo longo da pesquisa se torna mais fundamental.
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