O que é saúde pública?
Soluções para a tarefa
Há alguns anos, e por um razoável tempo, tivemos por obrigação de função, o grato prazer de participar de eventos da mesma natureza da II Semana do Instituto de Pesquisas Biológicas da Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, em setembro de 1985. Entretanto, ser hoje relembrado, sem que para isso concorra qualquer razão que, na falta de melhor termo, poderíamos qualificar como protocolar, nos comove e nos deixa agradecidos. Todavia para esse fato não podemos deixar de procurar uma explicação. Buscar as razões do convite não representa apenas um exercício para satisfazer nossa curiosidade e aplacar a surpresa de quem se sente ressuscitado na Instituição. Representa, fundamentalmente, a necessidade que sentimos de compreender as expectativas que devem estar por trás da decisão que tomaram de nos resgatar no contexto da Instituição, onde, seguramente, é possível, com facilidade, encontrar outros colegas que, com mais propriedade, poderiam tratar do tema que nos foi solicitado abordar.
Responder a essa desconhecida expectativa dos senhores é a tarefa que nos desafia e nos leva a reflexão. E é pensando nesse desconhecido individual e coletivo que pretendemos encaminhar nossa discussão sobre Saúde Pública, tentando com isto, introduzir nossa compreensão sobre ela.
Neste sentido, gostaríamos, em primeiro lugar, que pensassem se todos nós aqui, realmente, temos a mesma compreensão, entre outras questões, sobre o que é, para que existe, com que finalidade, a quem deve servir e, responsabilidade de quem deve ser a saúde pública?
A indagação que pode a princípio parecer sem importância, na verdade não o é, porque objetiva e dá concretude ao trato da questão. Permite que tratemos o tema que nos foi solicitado abordar, a partir de nosso próprio entendimento. Além do mais nos valoriza, porque admite que as pessoas não são vazias, ou seja, que as pessoas, aqui, já têm uma percepção sobre o problema, sejam elas de que escolaridade forem, sejam elas chefes ou subalternos, sejam elas melhor ou pior remuneradas. Ou seja, as pessoas, nós aqui, independente dos atributos que a sociedade e as instituições nos impõem, estamos vivos no mundo. As pessoas pensam. Têm a capacidade de reflexão. Elas agem e reagem. Elas não são autômatas. Não são bonecos ou robôs dirigíveis.
Em segundo lugar, a colocação sobre se todos têm a mesma compreensão acerca de saúde pública admite a possibilidade de que possamos tê-la diferente, até mesmo em decorrência de todos os fatores ou atributos pessoais a que antes nos referimos. Admitir essa possibilidade é tão importante quanto a questão de aceitarmos as pessoas como entes reflexivos. Podemos pensar diferente. Seguramente, nem todos pensam iguais, assim como, nem todos pensam diferente uns dos outros. O mais provável mesmo é que algns pensem igual, mas, de forma diferente de outros que, por sua vez, também guardam entre si uma identidade de pensamento. Essa constatação quebra o artificialismo que encobre as diferenças, que inculca a pseudo-homogeneidade, que busca comprometer as pessoas com uma só forma de pensar, com uma só forma de entender, a forma de compreender que convém àqueles que detêm o poder, que dominam os grupos, fazendo-os pensar segundo a lógica que os beneficia ou que mais lhes favorece.
Cremos que esses dois pontos estabelecem as bases para a compreensão do que é, para que serve etc. a saúde pública. Isto posto, nos permite formular em segunda questão, a seguinte pergunta: Que tipos de compreensão seria possível identificar entre nós, grupo pensante e heterogêneo? Ou seja, se pegássemos as diferente s correntes de pensamento aqui existentes como poderíamos classificá-las? Evidentemente que este tipo de exercício é periogoso porque rotula, taxa os grupos, impingindo-lhes às vezes conotações que não traduzem a verdade de suas formas de pensar.
Mesmo assim, alertados para esse risco, façamos um esforço nessa caminhada, na busca de compreensão do que seja saúde pública. Vejamos!
bons estudos!