O que é o belo ? Sócrates estava buscando a essência do belo.Por que esta essência é abstrata?
Soluções para a tarefa
A despeito de qualquer injúria, a Filosofia da Arte tem data de nascimento: século IV a.C., e filiação: Platão. São cinco os textos platônicos sobre Estética (palavra proveniente do grego aisthésis): Hípias Maior, Banquete, o livro X da República, Fedro e Íon. Interessa-nos, no entanto, a análise de trechos do primeiro diálogo dedicado a definição do belo.
O contexto filosófico do final da Grécia Antiga é marcado por questões não mais ontológicas, como outrora fora com a busca da essência do que existe pelos pré-socráticos, mas pela presença de sofistas que procuravam determinar o lugar de onde provinha o conhecimento.
Os sofistas acreditavam que o que regia o homem era a dóxa ou opinião e que o conhecimento seria pautado na antilogia, na controvérsia. O confronto de opiniões particulares teria um fim em si mesmo; esse fim seria a própria estrutura do saber. Os sofistas acreditavam no choque de verdades particulares, sem com isso buscar síntese ou conceitos consensuais.
Platão desenvolveu grande parte de seu pensamento em contraposição à fase retórica ou particularista dos sofistas. A partir de Sócrates – seu mestre oral e personagem principal de seus diálogos –, expõe a preferência pelo método baseado na argumentação, refutação e “busca” da construção de uma noção comum para a investigação sistemática da verdade.
De diferentes maneiras, Platão apresentou uma teoria (a metafísica) sobre o conjunto de tudo que existe (quer esteja ou não presente). Sua teoria das ideias postulava a existência de dois mundos ontologicamente distintos: mundo das sombras ou mundo das coisas particulares e mundo das ideias ou mundos dos seres genéricos (ele inaugurava, assim, a primeira metafísica dualista da história, antes mesmo do cristianismo).
O mundo das sombras é o mundo das coisas cuja existência podemos indicar, pegar e apalpar (cadeira, computador, mesa, lápis). Já o mundo das ideias é o mundo dos universais abstratos; ou seja, já não se trata mais de definirmos “esta cadeira” e sim “a cadeira”. A “a cadeira” é existencialmente diferente da primeira, pois ninguém viu ou a verá, mas sem essa abstração não seria possível proferir juízos de valor mimético ou estético, nem ao menos nos comunicarmos. Comunicamo-nos porque temos esses seres genéricos em comum.
Deve-se atentar para o fato de que, no século IV a.C., pensar e falar eram a mesma coisa, ou seja, a linguagem não estava por trás do pensamento. A linguagem era o pensamento – a clivagem entre linguagem e conhecimento surgiu no século XVIII.
Mas a população mais nobre do mundo das ideias não é a dos seres gerais, como “a cadeira”, pois esses seres gerais mantinham, ainda, um vínculo estrito com o mundo das coisas particulares. A parte nobre é outro tipo de ser geral que estrutura não o mundo das coisas particulares, mas estrutura o mundo humano do agir e do julgar como um todo. A essa categoria existencial, que trata de valores como a verdade, a justiça, o bem e a beleza, deu-se o nome de ideias em si.
Para Platão, uma ideia genérica vale muito mais, ontologicamente, que uma ideia particular, mas o que o interessa é, através da razão metódica, alcançar a população nobre do mundo das ideias, que são valores não criados pelo homem, mas valores em si.
No diálogo que será analisado, o que está em questão é a natureza do belo, ou a busca da essência do belo por parte de Sócrates. O interlocutor é Hípias, um famoso sofista da época.
Platão descreve a função social do sofista, identifica como a arte da retórica e argumentação era posta a serviço da política e ironiza a atitude de postular o saber da época à venda: