O que é esquema tático? e qual a diferença de esquema para sistema tático.
Soluções para a tarefa
Desde o boom da análise tática na internet no Brasil, o primórdio de tudo era achar o esquema tático do time e continuar a análise através dos “números de ônibus”: “O esquema tático da equipe é 3–5–2, defende 5–3–2 e ataca 2–3–5. Ah, e agora mudou para o 4–1–4–1”. Mas esses números realmente acontecem nessas fases de jogo? Como que realmente define o esquema tático? Essas numerações em ação defensiva e na ofensiva representam mesmo o que acontece no campo?
Em suas primeiras temporadas no City e assim como foi no Barcelona e no Bayern de Munique, os times de Guardiola eram muito conhecidos por atacarem no 3–2–5 ou 2–3–5. Mas, afinal, isso realmente existia em campo ou era para facilitar a transmissão da mensagem? E seguindo a ideia do texto, no fim dele, falarei sobre a tal linha de 6 que apareceu no Brasil faz um tempo.
Antes de partir sobre, por exemplo, o 2–3–5 de Guardiola, precisamos ir para a base teórica do texto todo: como se define o esquema tático de um time? É a partir desta resposta que teremos o conceito de tudo.
Esquema tático já foi o tema central de dois textos daqui (se você perdeu, estão este e este), mas eu mesmo percebi que faltou um fator primordial para que o leitor não tivesse mais dúvida de como definir o esquema tático da equipe. O esquema tático de uma equipe é definido por quem tal jogador se interage mais dentro da partida. Essa interação é relacionada com a movimentação de quando o jogador e o time estão sem a bola, enquanto que a equipe e o jogador estão com a bola, o termo mais adequado seria associação. Mas como é essa tal interação?
Essa interação é relacionada com quem tal jogador se movimenta de acordo com o movimento ofensivo e defensivo da equipe. De maneira mais simples: se um jogador se movimenta de acordo com o movimento do outro do mesmo time, esses dois jogadores estão se interagindo! E maneira ainda mais simples e colocando com um exemplo: se um volante vai e o outro fica, e ambos se movimentam juntos e alinhados na maior parte do tempo, eles estão se interagindo e, assim, o esquema tático da equipe há, pelo menos, um “2” nele. Isso é interação!
Hoje em dia, a interação mais fácil de perceber é na linha defensiva: facilmente se nota que há uma linha com quatro defensores, e todos eles se movimentam de acordo com o outro defensor. Com isso, há uma interação entre quatro jogadores e, assim, há um número “4” dentro do esquema tático da equipe.
E é a partir desta definição, temos como definir todos os esquemas táticos possíveis que forem aparecer no futebol! Se um time que tem quatro jogadores que se interagem mais no meio do campo do que com o seu centroavante, temos que um número “4” no esquema e, se a equipe tiver uma linha defensiva com quatro jogadores, o esquema tático do time é provavelmente o 4–1–4–1 e não o 4–3–3 (para mais detalhes sobre as diferenças do 4–1–4–1 e do 4–3–3, veja aqui) E assim segue.
Neste momento do texto cabe uma reflexão: então como se define o esquema tático da equipe com quem os jogadores mais se interagem entre si, hoje em dia, os esquemas com três zagueiros são todos começados com um número “5”, certo? Quase isso.
O Chelsea de Antonio Conte é um dos exemplos mais clássicos de estudo para uma linha de 5. Mas, afinal, o esquema tático da equipe era o 3–4–3 ou o 5–4–1?
Por definição, se define as “linhas” de um esquema tático da maneira com quem os jogadores mais se interagem dentro da partida. Diante disso, temos que o mesmo time e com os mesmos jogadores diante de dois diferentes adversários pode apresentar dois esquemas táticos diferentes, no entanto, os esquemas são bem próximos. Veja em exemplo.
Peguemos, novamente, o Chelsea da imagem acima de Antonio Conte. Diante de um time que se defende muito mais do que ataca, os Blues teriam com que Moses e Alonso se interagindo muito mais com Kanté e Drinkwater do que com Azpilicueta, Christensen e Rudiger, já que o Chelsea pouco entraria em ação defensiva e poucas vezes o time teria de fato cinco defensores flutuando de um lado para o outro e se interagindo. Contra este adversário, o esquema tático dos Blues seria, sim, o 3–4–3. Já o pensamento contrário teria o resultado inverso: como Moses e Alonso iriam se interagir mais com Azpilicueta, Christensen e Rudiger do que Kanté e Drinkwater, o esquema tático seria o 5–4–1. Viu como a palavra “mais” faz diferença? E ela faz muita diferença para todas as reflexões seguintes!