O que é, então, a liberdade humana? São duas as respostas a essa questão: 1. a primeira afirma que o todo é racional e que suas partes também o são, sendo livres quando agirem em conformidade com as leis do todo, para o bem da totalidade; 2. a segunda afirma que as partes são de mesma essência que o todo e, portanto, são racionais e livres como ele, dotadas de força interior para agir por si mesmas, de sorte que a liberdade é tomar parte ativa na atividade do todo. Tomar parte ativa significa, por um lado, conhecer as condições estabelecidas pelo todo, conhecer suas causas e o modo como determinam nossas ações, e, por outro lado, graças a tal conhecimento, não ser um joguete das condições e causas que atuam sobre nós, mas agir sobre elas também. Não somos livres para escolher tudo, mas o somos para fazer tudo quanto esteja de acordo com nosso ser e com nossa capacidade de agir, graças ao conhecimento que possuímos das circunstâncias em que vamos agir. Além da concepção de tipo aristotélico-sartreano e da concepção de tipo estóico hegeliano, existe ainda uma terceira concepção que procura unir elementos das duas anteriores. Afirma, como a segunda, que não somos um poder incondicional de escolha de quaisquer possíveis, mas que nossas escolhas são condicionadas pelas circunstâncias naturais, psíquicas, culturais e históricas em que vivemos, isto é, pela totalidade natural e histórica em que estamos situados. Afirma, como a primeira, que a liberdade é um ato de decisão e escolha entre vários possíveis. Todavia, não se trata da liberdade de querer alguma coisa e sim de fazer alguma coisa, distinção feita por Espinosa e Hobbes, no século XVII, e retomada, no século XVIII, por Voltaire, ao dizerem que somos livres para fazer alguma coisa quando temos o poder para fazê-la. Essa terceira concepção da liberdade introduz a noção de possibilidade objetiva. O possível não é apenas alguma coisa sentida ou percebida subjetivamente por nós, mas é também e, sobretudo, alguma coisa inscrita no coração da necessidade, indicando que o curso de uma situação pode ser mudado por nós, em certas direções e sob certas condições.
1 - A respeito das três principais concepções de liberdade expressas no texto, retire as ideias principais de cada uma delas.
Soluções para a tarefa
Resposta:
Achei essa questão um pouco complicada de entender, pois ela fala sobre um conceito com muitas interpretações, que é muito abstrato, mas concordo com a alternativa 3, pois ela equilibra os valores da 1, e da 2.
1- A primeira se refere a liberdade de um ponto de vista um pouco mais jurídico, falando das leis da sociedade etc. É um modo de ver a liberdade mais prático, você é livre dentro de determinadas normas. Também encara a prisão como retirada de liberdade.
2- A segunda afirma que somos todos partes de um todo (determinada sociedade, com determinados costumes, leis e maneiras) e que somos livres para fazer o que quisermos por nós mesmos, porém não sem consequências, e que devemos saber quais são as leis, os costumes da maioria, / sociedade e entender como elas afetam nosso modo de agir e as consequências, boas ou ruins, de desrespeitá-las. Mas ela se contradiz, afirmando que não devemos ser manipulados pela sociedade, sermos meros peões, mas sim agirmos com livre-arbítrio, usando o conhecimento que temos, sobre as condições que agiremos em determinado momento.
3- A terceira afirma ainda que existem condições que influenciam no nosso modo de agir. Fala da diferença entre a liberdade de pensar/ desejar e a de agir, que são diferentes, Por exemplo, você pode desejar matar alguém, mas não tem total liberdade para o fazer. Menciona as extensões do conceito de possível e impossível, dizendo que o curso decorrente de determinada situação pode sempre ser alterado por nós, seres humanos livres e conscientes.