O que é Cultura de ódio?
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Dos botecos às universidades, dentro de casa ou na paisagem incontrolável das esquinas, não importa o tipo de acontecimento em debate, chega a hora fatal em que alguém vai sacar o veredito da moda: os fascistas tomaram conta e semeiam a cultura do ódio. É o ponto de vista mais repetido desses tempos, uma obsessão aparentemente irresistível para quem pretende radiografar as causas definitivas do fim do mundo. Não se anda um centímetro sem que não se esbarre num carnaval de indignados espanando acusações contra as hordas de fascistoides. Mas, afinal, quem reclama da onda de ódio? Aí é que está. Todos reclamam: o intelectual e o youtuber, o artista e o chef, Lula e FHC, a esquerda e a direita. Todo mundo é vítima, ninguém odeia. Prova disso é que uma das maiores batalhas generalizadas na grande guerra nacional é quanto à paternidade do fascismo. Quem pariu o capeta? Nenhum suspeito se apresenta. Cada época vê o triunfo de um conjunto de ideias; e tais ideias, num movimento natural e fatalista, vão moldar o pensamento predominante dessa mesma época. Assim, numa escala variável, as frases de efeito, platitudes e explicações fáceis vão ganhando adeptos automaticamente. Quando nos damos conta, estamos repetindo certezas que, embora se pretendam particulares, não passam de vulgaridades trazidas pelo vento, repetidas por inércia e conveniência.
É o ponto de vista mais repetido desses tempos, uma obsessão aparentemente irresistível para quem pretende radiografar as causas definitivas do fim do mundo. Não se anda um centímetro sem que não se esbarre num carnaval de indignados espanando acusações contra as hordas de fascistoides.
Mas, afinal, quem reclama da onda de ódio? Aí é que está. Todos reclamam: o intelectual e o youtuber, o artista e o chef, Lula e FHC, a esquerda e a direita. Todo mundo é vítima, ninguém odeia. Prova disso é que uma das maiores batalhas generalizadas na grande guerra nacional é quanto à paternidade do fascismo. Quem pariu o capeta? Nenhum suspeito se apresenta.
Cada época vê o triunfo de um conjunto de ideias; e tais ideias, num movimento natural e fatalista, vão moldar o pensamento predominante dessa mesma época. Assim, numa escala variável, as frases de efeito, platitudes e explicações fáceis vão ganhando adeptos automaticamente. Quando nos damos conta, estamos repetindo certezas que, embora se pretendam particulares, não passam de vulgaridades trazidas pelo vento, repetidas por inércia e conveniência.
Quando um mesmo discurso harmoniza filósofos, animadores de auditório, humoristas, escritores, cronistas esportivos, estilistas, atores, publicitários..., boa coisa não há de ser. É muito ecletismo por uma mesma causa. Nesse arco de desmedida adesão, condenar a intolerância ficou tão banal quanto dizer bom dia ou fazer um selfie.
Nesse reinado da redundância e da tese única, toda vez que vejo alguém, identificado como um pensador, falar em clima de ódio, para explicar nosso tempo, só consigo imaginar três hipóteses: não sabe do que está falando, está fazendo proselitismo oportunista ou está a serviço de facção política. É muito pouco para nossa existência – que, além de absurda, jamais caberá em nenhuma explicação.