O que é capitalismo dependente?
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Resposta:
Na primeira metade da década de 1960, o encontro dos termos “sociedade de classes” e “subdesenvolvimento” se dava, nos textos de Florestan Fernandes, na chave da “irracionalidade”. Essa maneira de conectar os termos abria, sem dúvida, um campo alternativo de possibilidades históricas, já que ela sinalizava para uma repulsão mútua entre eles: caso operasse à eficácia máxima, a “sociedade de classes”, universalizando a “ordem social competitiva”, expurgaria o “subdesenvolvimento”. Essa forma contrafactual de encarar os termos dessa relação, que instaurava, ainda que de maneira tênue, um certo campo de possíveis, sai de cena com a introdução do construto “capitalismo dependente”.[2] A partir dessa introdução, que se dá em fins da década de 1960, o modo pelo qual o autor conecta esses termos muda: agora o encontro entre “sociedade de classes” e “subdesenvolvimento” opera na chave da “racionalidade”, da “normalidade”, isto é, o sistema social assim conformado funcionaria estruturalmente a meia potência. É claro que neste aggiornamento está implicada a reiteração do processo de fechamento político da sociedade brasileira. No entanto, o desafio aqui é entender como o autor conseguiu, na organização interna de seus argumentos, dar conta dessa viravolta explicativa. Ao longo desta seção, mostrarei que é justamente o termo “capitalismo dependente” que permite ligar, através do adensamento histórico da análise, aqueles dois termos nesse novo registro. É como se ele formalizasse em nível mais abstrato uma série de elementos históricos contingentes — que destacaremos abaixo — que teriam possibilitado esta conjugação crônica entre “sociedade de classes” e “subdesenvolvimento”.