Artes, perguntado por victorhugo169, 1 ano atrás

o que é a tragedia na arte?

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Respondido por anacarolina1ana1234
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A tragédia tem sua origem no mesmo contexto em que surgiu o teatro, quando os rituais primitivos eram o elo entre os homens e seus deuses.
Respondido por kethlenlarissa2
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A tragédia tem sua origem no mesmo contexto em que surgiu o teatro, quando os rituais primitivos eram o elo entre os homens e seus deuses. Esses rituais eram realizados em forma de catarse, onde todos os praticantes se envolviam no transe sem distinção de papéis. Na medida em que os rituais primitivos vão se estilizando e tornando-se litúrgicos, vai surgindo uma hierarquia, indispensável para a organização dos cultos aos deuses e em se tratando de teatro ao deus Dionísio. Esta hierarquização vai criando os papéis dos sacerdotes e celebrantes dos cultos, surgindo nesse processo pessoas centralizadoras do "culto" e as participantes do mesmo, dando início aos elementos atores e público. A tragédia surge juntamente com a comédia, no teatro grego, sendo que a primeira possuía um caráter nobre dentro das comemorações ao deus da fertilidade, capturava a essência humana e a sua relação com os sentimentos profundos de amor, ódio, medo, traição, etc., enquanto que a comédia surgiu das canções fálicas e tratava de assuntos do cotidiano, da vida comum dos homens. Nas dionisíacas, festas em homenagem ao deus Dionísio, havia concursos de tragédias, cujo prêmio para o vencedor era uma cabra. Acredita-se que a origem da palavra tragédia tenha vindo de "tragos", que em grego significa cabra ou bode, animal que era sacrificado para o ritual dionisíaco. Há outra possibilidade sobre sua origem, que poderia ter surgido da palavra "tragoi", que em grego significa adoradores ou seguidores de Dionísio.

O filósofo Aristóteles, em sua “Arte poética”, organiza a tragédia em diferentes elementos que tem como finalidade a purgação de emoções como a compaixão e o terror. Inicialmente apresenta o personagem (ethos) com elementos estranhos e indesejáveis, para que no decorrer da apresentação, ele venha gradativamente passando por situações catastróficas, não alcançando seus objetivos, gerando no público uma identificação e por fim o efeito de catarse. Aristóteles entende que a tragédia precisa ser um espetáculo belo, onde se reúna o canto (melopéia, composição melódica), a harmonia e o ritmo. Ele qualifica a tragédia em seis elementos constitutivos, sendo elas a fábula (ação ou enredo), o personagem (ethos, caráter), a elocução ou dicção, o pensamento (dianóia), o espetáculo em cena, e o canto (melopéia). Porém o seu modelo de estrutura da tragédia inicia com o “prólogo” e segue com os “párodos, “episódio”, “estásimo” e por fim o “êxodo”.

A evolução cênica da apresentação de uma tragédia começa quando os personagens são apresentados com seus “caracteres”, sua forma de agir e sua “dianóia”, a forma do seu pensar que irá gerar determinadas ações. Em seguida o espetáculo precisa fazer com que o público se identifique com os personagens, gerando a “harmatia”, que é a impureza e a falha de caráter do personagem, característica própria do ser humano comum. Esta harmatia é a causadora da “empatia”, que é a relação de comunicação entre o ator e o público, mas em se tratando de tragédia não pode haver calmaria, então entra em cena a “peripécia”, transformando de forma repentina o destino do personagem, fazendo-o agonizar em sua existência. Este personagem central, que costumava ser o corifeu, líder do coro, possui a estratégia da “anagnorisis”, onde discursa pelo reconhecimento da sua própria falha, aceita e confessa seu erro, buscando a sua redenção, mas o sistema trágico aristotélico não para por aí, é preciso a “catástrofe”, o desmoronar de toda a estrutura ethos, o final terrível próprio de uma tragédia. Por fim é nesta evolução que o público realiza a sua “catarse”, a purificação da harmatia apresentada no início do espetáculo trágico. Na Grécia do século V a.C. acreditava-se que ao assistir as apresentações das tragédias, saia-se do teatro purificado e transformado. Os tragediógrafos mais conhecidos do período clássico são Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Suas obras são apresentadas até hoje.

A sátira grega também era uma vertente da tragédia, que acontecia num tempo menor e tratava de assuntos depreciativos do ser humano, passando pela ironia e pelo cômico. Era sempre apresentada após três tragédias e uma comédia nas festas dionisíacas.

A tragédia influenciou os códigos teatrais até o período do “classicismo francês”, que após este momento o drama, e o melodrama, começa a se desenvolver. Atualmente, quando se refere ao termo tragédias clássicas, busca-se indicar àquelas realizadas nos teatros grego e romano, e as tragédias neoclássicas são as obras de períodos “recentes” que foram buscar referências nas tragédias clássicas.

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