O que dizem os críticos do milagre econômico
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Entre os anos de 1968 e 1973, sob feroz ditadura militar, o Brasil viveu um período de extraordinária expansão econômica. O Produto Interno Bruto (PIB) do país crescia 10% ao ano ou mais. No setor da construção civil, o crescimento chegava a 15%. Na indústria, 18%. Mas nada disso evitou que o chamado Milagre Econômico acabasse com a fama que tem hoje – a de ter sido um dos períodos mais nefastos da história brasileira, marcado pela concentração de renda e pelo aumento da desigualdade social.
É verdade, a desigualdade aumentou durante o milagre. Mas será que nada prestou naquele período? Só para provocar a discussão, o jornalista Leandro Narloch – autor de Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil (Editora LeYa, 2009) – reuniu em seu blog alguns números picantes. O da venda de livros, por exemplo: ela triplicou entre 1964 e 1974. “A mortalidade infantil, que tinha aumentado entre os anos de 1955 e 1965, chegando a 131 mortes a cada 1 000 nascimentos, caiu para 113 em 1975”, escreve Narloch. “E a venda de geladeiras, item básico para uma boa alimentação, quadruplicou em 12 anos, numa onda de consumo equivalente à do Plano Real.”
Vistos assim, isoladamente, esses dados sugerem que houve conquistas importantes. Acontece que não é bem assim. Quando chegou ao fim, aniquilado pela crise do petróleo de 1974, o suposto milagre deixou como herança um bom punhado de abacaxis. O maior deles era a dívida externa. Para financiar o crescimento acelerado dos anos anteriores, o governo militar havia tomado muito dinheiro emprestado no mercado internacional. E a dívida explodiu. Em 6 anos, ela simplesmente quadriplicou – de US$ 3,7 bilhões em 1968, passou a US$ 12,5 bilhões em 1973.
As “conquistas” do milagre não resistiram à crise econômica dos anos seguintes. O crédito farto havia secado. “E as obrigações financeiras começaram a pesar como nunca”, diz o cientista político Carlos Gama, pesquisador da PUC do Rio de Janeiro. O alto preço do barril de petróleo fez a balança comercial brasileira entrar no negativo. E a inflação disparou, chegando perto dos 100% ao ano no final daqueles anos 70. Resultado: remarcação desenfreada de preços, estagnação, desemprego, pobres mais pobres, ricos mais ricos… Além de duas décadas de pacotes econômicos fracassados – até que o Plano Real começasse a estabilizar a economia, a partir de 1994.
Resposta: Concentração de renda
Explicação: