O que de fato aconteceu com a embarcação de nome Scotia em vinte mil léguas submarinas.
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O «Scotia» foi o último vapor de rodas ao serviço da companhia britânica Cunard. E também o mais elegante, no dizer dos seus contemporâneos. Construído na Escócia pelos estaleiros de Robert Napier & Sons, de Glásgua, este navio misto (vela/vapor) apresentava 3 871 toneladas de arqueação bruta e media 122 metros de comprimento fora a fora por 14,60 metros de boca. As suas duas máquinas a vapor (de pêndulo) desenvolviam uma potência nominal de 975 cv, que lhe permitiam atingir a velocidade de cruzeiro de 13,5 nós. As técnicas que presidiram à construção do seu casco duplo (com seis compartimentos estanques) valeram ao «Scotia» ser considerado o navio mais sólido do seu tempo a navegar em águas do Atlântico. A sua primeira viagem transoceânica teve lugar em 1862 (em plena guerra civil americana) e, logo no ano seguinte, realizou a proeza de ligar Nova Iorque a Liverpool em apenas 8 dias e 3 horas de navegação; recorde de velocidade que o «Scotia» conservou até 1867. O navio -que podia receber a bordo 573 passageiros- manteve-se sempre nessa linha prestigiosa até Novembro de 1875, ano em que foi vendido à companhia Telegraph Construction and Maintenance, que o mandou transformar (nos estaleiros de Birkenhead Laird) em navio de apoio à instalação de cabos submarinos. Em 1902 foi cedido a uma empresa do mesmo ramo sedeada na ilha de Guam. Foi nessas paragens que, em 1904, o navio se perdeu, por encalhe nos recifes de Spanish Rock. Curiosidade : o «Scotia» é citado por Júlio Verne no seu romance «Vinte Mil Léguas Submarinas». O grande ficcionista francês inventou, nesse livro, um incidente entre este paquete da Cunard Line e o submarino «Náutilus», que lhe perfurou o casco com o seu temível esporão. E, acrescentou Verne, o «Scotia» só terá sobrevivido ao incidente e logrado atingir Liverpool são e salvo, «graças ao seu duplo casco e aos seus compartimentos estanques».