o que as pessoas defende seus mares e oceanos
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Resposta:
Já sabemos da magnitude dos problemas que estamos causando aos oceanos. Podemos documentar, medir e quantificar o quanto já destruímos. Mas temos também evidências sobre o que precisamos fazer para resolver tais problemas. E criar áreas protegidas marinhas é algo que podemos fazer agora”.
O alerta dito de forma tranquila e pausada vem de uma das mais eloquentes vozes existentes hoje no mundo em defesa da vida no planeta azul.
Na conferência de imprensa desta terça-feira (5) durante o 4o Congresso Mundial de Áreas Protegidas Marinhas (IMPAC4) – que ocorre esta semana em La Serena-Coquimbo, no litoral do Chile – a bióloga marinha Sylvia Earle convocou cientistas, comunidades, ONGs e governos a reforçar a luta para que se restabeleça o que ela chama de “tecido de vida” que a humanidade está rompendo ao poluir e degradar mares e oceanos.
“A vida está morrendo, as águas estão mais ácidas devido ao aquecimento global. Isso acelera a perda da biodiversidade marinha. Os corais sofrem com o branqueamento. É sinal de que ultrapassamos a capacidade de resiliência nos oceanos. Toneladas de lixo são despejadas diariamente nos mares. A pesca excessiva está levando à extinção peixes vitais para a alimentação de milhões de pessoas em todo o mundo”, adverte.
Sua pregação, porém, não é de hoje. Aos 81 anos, ela é a principal estrela do documentário Mission blue, que o público brasileiro pode assistir pelo Netflix. O filme mostra trajetória desta incansável ambientalista que dedica sua carreira de quase meio século à defesa dos mares e à vida aquática.
Sylvia foi primeira mulher nomeada cientista chefe da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) e considerada Heroína pelo Planeta pela Time Magazine. Ao longo de sua trajetória, criou a Mission Blue Foundation e tornou-se diretora de uma dúzia de fundações e ONGs voltadas à conservação das águas.
A bibliografia de seu punho já soma mais de 150 títulos de teor científico, com destaque para o desenvolvimento de tecnologias de acesso a ambientes marinhos remotos. Sylvia Earle comanda o time de cientistas conselheiros do Google Ocean Advisory Council, do projeto Ocean, do Google Earth.
No campo, ela foi também foi longe. E fundo. São cerca de 70 expedições e quase sete mil horas debaixo d'água. Visitou mais de 60 países para expor sobre a importância dos oceanos na vida humana. Ela sabe do que está falando.
Sylvia é uma das palestrantes de honra do IMPAC4, promovido pela União Internacional a Conservação da Natureza (IUCN) e governo do Chile, com apoio do WWF.
Sua mensagem para todos aqui é clara, transparente.
“Se quisermos estabilizar o acelerado processo de degradação marinha e oceânica, precisamos fazer um esforço mundial e pontuar o globo com áreas protegidas”.
Criar e gerir áreas protegidas marinhas e costeiras tem sido apontado pelos cientistas como a principal e mais eficaz estratégia para conservar a vida nos mares.
“As reservas marinhas são também reservas climáticas. Os oceanos ajudam a estabilizar o clima do planeta, absorvendo gás carbônico da atmosfera, assim como fazem as florestas. Precisamos dessa ajuda dos oceanos para continuarmos vivos. Extraímos dos oceanos a nossa existência”.
Para a estudiosa, não basta olhar para a vida selvagem que há no continente e tentar salvá-la. “Temos de estar atentos também para a vida que se extingue nos mares e oceanos”.
“Se os oceanos vão mal, nós vamos mal. Se os oceanos estiverem com problemas, nós estaremos em apuros”, diz ela, ciente de que é a vida existente na água – e não a água em si – que torna a Terra um planeta que se distingue dos demais.
Perguntei a Sylvia se “precisamos” escutar o clamor dessas águas, ao que ela respondeu: – Nós “devemos”, usando para isso a expressão em inglês “ We must”, cuja carga semântica nos fala de uma obrigatoriedade, quase uma emergência.
Seria prudente ouvirmos essa voz.
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