Ed. Física, perguntado por bmelo3968, 8 meses atrás

o que as mulheres usavam no bando do gangaço? ​

Soluções para a tarefa

Respondido por aldianabarbosa
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as mulheres eram grandes vítimas da violência policial e também Por parte dos cangaceiros .

espero ter ajudado


bmelo3968: mto obgda
aldianabarbosa: denada qualquer coisa pode contar comigo que eu vou fazer de tudo para ajudar
Respondido por jhjyf
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O Cangaço surgiu por volta de 1870, em meio a uma crise econômica passada pelas cidades do interior do Nordeste, com a crescente industrialização, e um aumento da desigualdade social da região, atenuada por uma grande seca. Os cangaceiros, chamados de “bandidos sociais”, eram um misto de justiceiro e vingador, combatendo a injustiça causada pela crescente desigualdade social e dividindo opiniões sobre seus atos serem heróicos ou criminosos. Esse banditismo surgiu como uma revolta espontânea contra a situação social, vindo de grupos rebeldes que partiram para o crime como forma de sobrevivência e revolta contra as classes dominantes.



Poucas vezes, no entanto, é lembrado que as mulheres fizeram parte do cangaço durante a última década de sua existência, a partir de aproximadamente 1930, passando a ser aceitas no bando a partir da entrada de Maria Gomes de Oliveira, chamada de Maria Bonita pela imprensa após sua morte. Ela era uma mulher separada, algo incomum naquele tempo, quando conheceu o líder do cangaço, Virgulino Ferreira da Silva, chamado Lampião. Após algum tempo de contato entre ambos e visitas do cangaceiro, a polícia foi informada e a família de Maria, ameaçada. Com a mudança de sua família para Alagoas, fugindo das ameaças da polícia, ela tomou uma decisão inédita: acompanharia Lampião em sua vida no cangaço. Quebrando a tradição do movimento, Lampião permitiu sua entrada e um precedente foi estabelecido, permitindo que outras tivessem uma alternativa de vida no bando. Estima-se que houveram mais de 60 mulheres nos grupos e subgrupos do cangaço.



Em meio a uma sociedade que impunha um papel social muito específico para a mulher, a entrada das mesmas em um movimento que já era por si só subversivo à ordem se mostrou um ato de coragem e resistência a diversos padrões de gênero. As cangaceiras eram sertanejas comuns, que viviam em sítios, e eram atraídas muitas vezes pela possibilidade de mudar seu destino, rompendo com a proposta de um casamento arranjado, da domesticidade, do papel exercido nas famílias e até da religiosidade. Muitas aprendiam a ler e escrever, por exemplo, atividade pouco comum para mulheres na época.



Como é relatado pela ex-cangaceira Adília, no cangaço era possível fazer coisas antes proibidas: dançar, se pintar, e pentear o cabelo como preferisse. Portanto, juntar-se ao grupo foi uma declaração de independência própria. Além disso, como já era sabido pela sociedade que essas mulheres estavam sendo visitadas por cangaceiros e não eram mais virgens, se não fossem para o cangaço, acabariam na prostituição.

No entanto, havia cangaceiras que não estavam no bando por escolha pessoal, tendo sido raptadas de suas casas, algumas com menos de 15 anos. Outras violências aconteciam, como violência sexual após o rapto de mulheres, assassinatos de cangaceiras por seus companheiros quando eram acusadas de adultério, sem que qualquer um interviesse, respeitando os códigos morais instituídos por Lampião no seio de seu grupo, e violências físicas vindas muitas vezes dos próprios companheiros. Nessas práticas violentas contra as mulheres, é possível perceber que o contexto do cangaço não estava isento dos pensamentos e atitudes machistas da época, como reflexo de todo um pensamento social.



Outro episódio que reitera o caráter machista e violento do pensamento social vigente mesmo dentro do grupo é quando Lampião declarou não querer que as mulheres cortassem o cabelo, e, ao algumas delas desafiarem-no e declararem que o cabelo era delas e com ele elas fariam o que quisessem, tiveram o rosto marcado a ferro pelo cangaceiro José Baiano. Apesar de casos assim serem específicos, se juntar ao grupo podia ser visto como abrir mão de sua liberdade por algumas das mulheres, já que eram obrigadas a seguir um homem que muitas vezes era violento, além de não haver possibilidade de não possuir um companheiro: caso o seu respectivo morresse e ela não se associasse imediatamente a outro, era morta, pois carregava informações preciosas e secretas do bando. Práticas como essa reiteram a necessidade existente de manter e demonstrar a autoridade dos homens no bando.

Paralelamente às violências sofridas, o cotidiano possuía aspectos que traziam no cangaço uma possível alternativa para o papel tradicional da mulher. As cangaceiras andavam bem vestidas e podiam usar vestidos que iam até o joelho, altura incomum para a época, não eram incumbidas de cuidar dos filhos, e vivenciavam uma maior divisão de tarefas, já que até 1930 se o movimento se autogeria apenas com a presença de homens, levando todos a saberem cozinhar e lavar suas roupas. Apesar disso, algumas atividades ainda retomavam sua vinculação com o papel tradicionalmente feminino, como borda e costura. Dadá, ex-cangaceira, disse em uma entrevista que, atreladas ao respeito ao marido, suas atividades e vida eram como uma dona de casa


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