O processo de formação dos Estados no Oriente Próximo apresenta controvérsias. O historiador alemão Karl Wittfogel publicou, em 1957, um livro que se tornou famoso: "Despotismo oriental: um estudo comparativo do poder total", dedicado ao estudo das civilizações egípcia e mesopotâmica, no Oriente Próximo, e também à China e à Índia antigas, no Extremo Oriente.
Segundo esse historiador, o surgimento de poderosos Estados agrícolas no Oriente se deveu à realização de obras hidráulicas em grande escala, envolvendo a mobilização dos camponeses sob o comando dos governantes. O resultado foi a criação do chamado despotismo oriental, no qual o Estado era proprietário de todos os bens, permitindo aos camponeses o usufruto das terras dedicadas à subsistência, mediante o pagamento de tributos em gêneros ou serviços para o Estado.
No século XIX, Karl Marx já havia proposto interpretação semelhante, atribuindo à construção e à administração de obras hidráulicas um peso decisivo para a formação dos Estados orientais. Ele afirmou que a condição social dos camponeses era de uma "escravidão generalizada".
O ponto mais polêmico dessa interpretação é o papel das obras hidráulicas na formação do Estado, pois muitos historiadores puseram em dúvida a chamada "causa hidráulica". Nessa perspectiva, as obras hidráulicas seriam consequência de Estados fortes e não a causa deles. Por falta de evidências arqueológicas confiáveis, é impossível precisar com exatidão o que veio antes: o Estado ou as grandes obras.
Mas o certo é que, no Oriente Próximo, surgiram Estados capazes de mobilizar enorme massa de trabalhadores para serviços públicos, isto é, não somente para construir canais, cisternas ou diques, mas também pirâmides, templos, palácios e tudo o mais que marcou a grandeza do Antigo Egito e da antiga Babilônia.
1-O texto evidencia que a formação dos Estados no Oriente Próximo é ainda assunto cheio de controvérsias em pontos como o papel das obras hidráulicas e a condição social dos camponeses na formação desses Estados. Sobre este último ponto, podemos afirmar que:
A) existe o consenso entre dois autores sobre a condição escrava da mão de obra camponesa.
B) a a condição escrava tem características como o pagamento de tributos pelos camponeses.
C) há um papel decisivo de lideranças na construção de obras e no surgimento dos Estados.
D) um poder teocrático representante do Estado está presente na argumentação dos autores mencionados.
Qual delas estão certas
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A é verdadeira. Ambos os autores afirmam, embora de modos diferentes, que os camponeses eram, na época, escravos dos poderes centrais.
B é falsa, posto que isto é afirmado por Wittfogel, mas não por Marx.
C é falsa. É justamente este o ponto de debate principal na questão, sendo impossível determinar se foram os Estados que construíram as obras públicas ou elas que "construíram" o Estado.
D é falsa, não havendo no texto qualquer menção a esta organização política.
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