Português, perguntado por lorenansouza1337, 1 ano atrás

O poema a seguir foi escrito pela poetisa são-tomense Manuela Margarido (1925-2007). Autora que lutou pela independência do arquipélago, sua poesia foi de denúncia frente à miséria de seu povo nas roças de café e de cacau. Em 1957, publicou A lto como o silêncio.

Roça
A noite sangra
no mato,
ferida por uma aguda lança
de cólera.
A madrugada sangra
de outro modo:
é o sino da alvorada
que desperta o terreiro.
É o feito que começa
a destinar as tarefas
para mais um dia de trabalho.
A manhã sangra ainda:
salsas a bananeira
com um machim de prata;

capinas o mato
com um machim de raiva;
abres o coco
com um machim de esperança;
cortas o cacho de andim
com um machim de certeza.

E à tarde regressas
à senzala;
a noite esculpe
os seus lábios frios
na tua pele
E sonhas na distância
uma vida mais livre,
que o teu gesto
há-de realizar.

1. Identifique os marcadores de tempo que estão presentes em “Roça”. Relacione-os aos acontecimentos narrados.

2. O que o poema revela da vida em São Tomé?

Soluções para a tarefa

Respondido por Usuário anônimo
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1. A noite, a madrugada, a alvorada, (mais um) dia (de trabalho), à tarde, a noite novamente. No começo, já na alvorada, depois de uma noite claramente atordoada (que sangra), inicia-se mais um dia de penoso trabalho, escravo desumano. À noite, volta-se mais uma vez ao "descanso", sonhando-se com uma condição diferente.

2. O poema revela o quanto a vida é cruel, os trabalhos são pesados, a revolta de quem vive ("capinas o mato/com um machim de raiva"), as condições precárias de vida, a noite sendo ameaçadora denota que não há abrigo adequado. Há dor e sofrimento, doenças: "A noite sangra
no mato,/ferida por uma aguda lança/de cólera."
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