Filosofia, perguntado por elliziafigueiredo, 9 meses atrás

o pensamento político morderno​

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Respondido por wncybercom
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Resposta:

Que o príncipe seja muito cristão não muda em nada a sua soberania. Enquanto soberano, o profano prima sobre o sagrado. Que o príncipe seja sagrado não muda em nada sua qualidade primeira de ser soberano. Aliás, o século XVI atesta que o príncipe soberano não tem sua soberania do poder espiritual. A soberania é então, na longa duração, a reversão da relação do poder com o sagrado. O poder não é mais dependente da instância espiritual, de sorte que a ideia de soberania implica em uma laicização do sagrado. O poder passa a depender dele mesmo. A política ganha então sua autonomia, conquista suas leis e suas práticas.

Explicação:

Os homens de Estado e os filósofos se dedicarão a viver e a definir a vida política do Estado como um verdadeiro mistério profano, do qual eles têm a chave: princípio e exercício do poder são agora ligados de maneira imanente, eles formam uma unidade. Isto não quer dizer que exercício e princípio do poder sejam confundidos, conforme se atribui, erroneamente segundo os historiadores Cosandey e Descimon (2002), a uma declaração de Luís XIV: "O Estado sou eu". Existe de um lado o Estado e de outro o monarca, mas eles são, juntos, o poder soberano. A ideologia do Estado é a ideologia do Um.

Um dos autores contemporâneos mais prolíficos na reflexão sobre o pensamento relativo à constituição teórica do Estado moderno é Quentin Skinner. Historiador das ideiaspolíticas de origem inglesa, ele faz uma súmula de história do pensamento político entre os séculos XIII e XVI, com a introdução de diversas correntes de pensamento e com a interpretação dos escritos políticos de Dante, Marsílio, Bártoli, Maquiavel, Erasmo, Thomas More, Lutero, Calvino, Bodin, Montaigne, entre outros. Quanto ao conceito-chave de Estado, faz uma elaboração progressiva do vocabulário do pensamento político, com a abordagem, por exemplo, de teóricos constitucionalistas franceses, como Bodin, Bèze, Hotman, Mornay, tendo por marco clássico, ao qual se contrapõe do ponto de vista da metodologia de leitura das obras políticas, Pierre Mesnard em "L'essor de la philosophie politique au XVIe siècle".

Seu objetivo é o mesmo de Gérard Mairet: o esclarecimento da maneira pela qual é formada a concepção moderna de Estado. Skinner aborda a transição decisiva entre a passagem da ideia do soberano e a existência de uma ordem legal e constituída em separado – aquela do Estado, originário de status (situação) –, que o soberano tem o dever de defender. Em consequência, o poder do Estado passa a ser a base do governo, não mais o soberano. Em termos modernos, o Estado é a fonte única da lei e a força legítima sobre seu próprio território, como o único objeto de alegação para os cidadãos.

Na linha da história das ideias, o autor empreende uma semântica histórica, com a análise da mudança tanto da concepção de Estado quanto da palavra Estado, em particular na França e na Inglaterra. Em seu entender, o melhor signo de apropriação consciente por uma sociedade de um novo conceito consiste na formação de um novo vocabulário, e aqui segue a influência de R. G. Colligwood. Enquanto o método de Mesnard é a história dos textos clássicos, o de Skinner se calca na matriz intelectual e social geral de onde saem os textos teóricos, focando nos elementos mais característicos da sociedade na qual e para a qual são escritos.

O autor se afasta, pois, de um entendimento do pensamento político moderno fora das questões práticas onde estão inseridos, uma vez que a vida política coloca os problemas de que irão tratar os teóricos. Assim, a produção dos textos se faz dentro do contexto de escritos antecedentes e de ideias adquiridas sobre a comunidade política. Trata-se de recolocar os textos clássicos em seus respectivos contextos ideológicos, refazendo os laços entre teoria e vida política.

Interpretação, para o autor de "Fundações do pensamento político moderno", é assim o ato de tentar situar um texto num contexto, o que resultou em duas novas conclusões: 1ª. O vocabulário do pensamento moral e político da Renascença tem suas fontes no estoicismo romano. Isto pode modificar a visão da relação entre Maquiavel e seus predecessores, seus objetivos e suas intenções enquanto pensador político que cunha a palavra Estado, em sua acepção moderna. 2ª. Os luteranos e os calvinistas radicais se baseiam no esquema de pensamento derivado do estudo do direito romano e da filosofia moral escolástica, com teorias banhadas, portanto, na linguagem jurídica e moral de seus adversários católicos.

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