O mundo não é maternal
É bom ter mãe quando se é criança, e também quando se é adulto. Quando se é adolescente a
gente pensa que viveria melhor sem ela, mas é erro de cálculo. Mãe é bom em qualquer idade. Sem ela,
ficamos órfãos de tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco.
O mundo não se importa se estamos desagasalhados e passamos fome. Não liga se virarmos a
noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por maus elementos. O mundo quer defender
o seu, não o nosso.
O mundo quer que a gente fique horas no telefone, torrando dinheiro. Quer que a gente case logo
e compre um apartamento que vai nos deixar endividados por vinte, trinta anos. O mundo quer que a
gente ande na moda, que a gente troque de carro, que a gente tenha boa aparência e estoure o cartão
de crédito. Mãe também quer que a gente tenha boa aparência, mas está mais preocupada com o nosso
banho, com os nossos dentes e nossos ouvidos, com a nossa limpeza interna: não quer que a gente se
drogue, que a gente fume, que a gente beba.
O mundo nos olha superficialmente. Não consegue enxergar através. Não detecta nossa tristeza,
nosso queixo que treme, nosso abatimento. O mundo quer que sejamos lindos, sarados e vitoriosos para
enfeitar a ele próprio, como se fôssemos objetos de decoração do planeta. O mundo não tira nossa febre,
não penteia nosso cabelo, não oferece um pedaço de bolo feito em casa.
O mundo quer nosso voto, mas não quer atender nossas necessidades. O mundo, quando não
concorda com a gente, nos pune, nos rotula, nos exclui. O mundo não tem doçura, não tem paciência,
não pára para nos ouvir. O mundo pergunta quantos eletrodomésticos temos em casa e qual é o nosso
grau de instrução, mas não sabe nada dos nossos medos de infância, das nossas notas no colégio, de
como foi duro arranjar o primeiro emprego. Para o mundo, quem menos corre, voa. Quem não se
comunica se trumbica. Quem com ferro fere com ferro será ferido. O mundo não quer saber de indivíduos,
e sim, de slogans e estatísticas.
Mãe é de outro mundo. É emocionalmente incorreta, exclusivista, parcial, metida, brigona,
insistente, dramática, chega a ser até corruptível se oferecermos em troca alguma atenção. Sofre no
lugar da gente, se preocupa com detalhes e tenta adivinhar todas as nossas vontades, enquanto o mundo
propriamente dito exige eficiência máxima, seleciona os mais bem-dotados e cobra caro pelo seu tempo.
Mãe é de graça.
Autora: Martha Medeiros
1) Qual é o tema central do texto? Aponte-o.
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2) Que comparação é feita pela autora? Explique.
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3) De acordo com o texto, como é descrito o amor materno (amor de mãe)?
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4) Segundo Martha Medeiros, “por que o mundo não é maternal”? Explique.
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5) Que palavra pode ser considerada equivalente (sinônima) ao termo “mundo” no texto?
a) consumismo b) aparência c) sociedade d) estranho e) corrupção
6) Ao afirmar que “Mãe é de outro mundo. É emocionalmente incorreta, exclusivista, parcial, metida,
brigona, insistente, dramática, chega a ser até corruptível (...)”, a intenção da autora foi atribuir
defeitos ou qualidades a quem é mãe? Justifique a sua resposta com argumentos.
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7) O título do texto “O mundo não é maternal” representa uma afirmação/convicção. Na sua opinião,
ele é coerente com a ideia defendida pela autora? Explique.
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Resposta:
slr amigo kķkk vou ver ak confiar...
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