Geografia, perguntado por aluna865, 4 meses atrás

O mundo exige dedicação praticamente exclusiva à empresa e isso faz com que o homem contemporâneo use o seu tempo prioritariamente para o trabalho. Quais são as consequências do ritmo frenético que o trabalho impõe ao homem?

Soluções para a tarefa

Respondido por pmarilia06
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Resposta: Tentar definir a sociedade contemporânea é uma ilusão. Não há como descrever minimamente a quantidade de fenômenos e acontecimentos do nosso tempo. O que se pode tentar fazer é apontar alguns traços, identificar linhas de força, pontos de convergência, sempre de um ponto de vista particular, que muitas vezes é impreciso e limitado. Não é preciso aprofundar-se muito para compreender que a interpretação lançada embute uma pré-compreensão do intérprete, alinhado que está a um ou outro sentido político, cultural, social e psicológico. Assim, para fins deste capítulo, que se propõe a estudar a sociedade contemporânea, seus mecanismos de controle e as condições de liberdade, vale à pena destacar elementos que servem à nossa interpretação e pesquisa.

Em seus trabalhos sobre o poder Foucault (2004 e 2007) estuda a passagem das sociedades pré-modernas à modernidade. Para o pensador francês, a modernidade não se caracteriza por um domínio da razão sobre pensamento dogmático e religioso. Toda a narrativa dos iluministas, que se colocavam como o princípio da Idade da Razão, é reduzida por Foucault como um pensamento meramente idealista e abstrato, distante dos mecanismos que constituíram a modernidade. O método genealógico de Foucault implica analisar as relações de força, isto é, não só quem está dominando e quem é dominado, mas como se está dominando, como o poder se exerce. Para ele, o que interessa é entender o como do poder. A genealogia vai analisar, portanto, os dispositivos de exercício do poder na sua materialidade e não na sua mera titularidade. O Estado deixa de ser a figura central das relações de força da sociedade moderna. Ao invés do estado, com suas instituições, suas leis, seus modelos sociais; trata-se de entender como as relações de poder se formam e circulam por assim dizer microscopicamente, numa espécie de “micro-física do poder”.

A passagem para a modernidade, segundo Foucault, dá-se quando os mecanismos de poder tornam-se mais eficazes, eficientes e minuciosos, o que coincide com a mudança européia das monarquias absolutas para os estados modernos – repúblicas ou monarquias constitucionais. O autor expõe diversos mecanismos que vão se desenvolvendo nos séculos XVII e XVIII que confluem para a formação de novas disciplinas. São exemplos: a vigilância e controle, o exame, a docilização dos corpos, a medicina social. Tais tecnologias do poder, como ele as chama, aplicam-se nas escolas, no exército, nas fábricas, nos hospitais, nas prisões. Ele dá como exemplo do que quer dizer, uma de suas aulas no Colégio da França. Nela, ele apresenta um regulamento do final do século XVIII e pede para os alunos lhe responderem de qual instituição pertenceria. São muitas as respostas, pois o regulamento poderia aplicar-se sem solução de continuidade numa escola militar, num hospício ou numa cadeia pública.

Na modernidade, as tecnologias tornam-se mais refinadas. Anteriormente, as punições eram aplicadas do modo mais visível possível. O rei fazia questão de ser visto, de ostentar o seu poder, como forma de garantir a própria soberania. Na passagem para a sociedade disciplinar, a punição é escondida, é realizada em recintos afastados do olhar público. Ao invés das forcas em praça pública, punições discretas dentro das prisões ou mesmo nos subterrâneos. Ao mesmo tempo, os criminosos já não são mais humilhados, porém guardados e escondidos. Tudo isso não ocorreu por causa de um tratamento mais humano ou racional, mas sim, explica-nos Foucault, porque é uma estratégia para que o poder se exerça melhor. Pois quando era exercido em público, como vingança do soberano, por vezes ocorriam revoltas, rebeliões e mesmo ataques ao carrasco, principalmente quando a multidão identificava-se com os punidos. O caso é que o sistema punitivo, nas suas três faces – policial, judicial/penal e penitenciária – sempre esteve atrelado ao controle social e como tal possui sentido político. Vigiar e punir, sem ser visto, é talvez o trecho mais literal da reflexão foucaultiana sobre a transição moderna, o que acabou consagrado na expressão “panoptismo”. O Panóptico é um desenho de poder aplicado

Explicação: espero ter ajudado :-)

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