O “menino selvagem” de Aveyron
A 9 de Janeiro de 1800, uma criatura estranha surgiu dos bosques perto da aldeia de SaintSerin, no sul de França. Apesar do seu andar ereto, parecia mais um animal do que um ser
humano, embora tenha sido de pronto identificado como um rapaz de onze ou doze anos.
Expressava-se por guinchos, emitindo gritos agudos. Aparentemente, o rapaz não sabia o que
era higiene pessoal e aliviava-se quando e onde era sua vontade. Foi entregue às autoridades
locais e transportado para um orfanato das redondezas. No início, tentava fugir
constantemente, sendo capturado com alguma dificuldade. Recusava-se a usar roupas, que
rasgava mal o obrigavam a vestir. Nunca ninguém apareceu a reclamar a sua paternidade.
A criança foi sujeita a um completo exame médico, que concluiu não existirem deficiências de
maior gravidade. Quando lhe foi mostrado a sua imagem refletida num espelho, apesar de
visualizar uma imagem, não se reconheceu nela. Certa vez, tentou agarrar uma batata que viu
refletida no espelho (quando na realidade a batata estava a ser segura por trás da sua cabeça).
Depois de várias tentativas, sem que tivesse virado a cabeça, apanhou a batata alcançando-a
por trás do ombro.
Mais tarde o rapaz seria levado para Paris e foram feitas tentativas sistemáticas de o
transformar “de animal em humano”. O esforço só em parte foi um sucesso. Ensinaram-lhe a
usar a casa-de-banho, passou a aceitar usar roupas e aprendeu a vestir-se. Continuava,
contudo, com um grande desinteresse por brinquedos e jogos, e nunca foi capaz de dominar
mais do que algumas poucas palavras. Pelo que podemos saber, com base na descrição
detalhada do seu comportamento e reações, isto não acontecia por ele ser mentalmente
desfavorecido. Parecia incapaz ou sem vontade de dominar o discurso humano. Poucos mais
progressos fez e acabou por morrer em 1828, com cerca de quarenta anos de idade.
Naturalmente, temos de ser cuidadosos na interpretação de casos deste gênero. É possível que
se tenha dado o caso de se tratar de uma deficiência mental não diagnosticada. Por outro lado,
é possível que as experiências a que esta criança foi sujeita lhe tenham infligido danos
psicológicos impeditivos de dominar práticas que a maioria das crianças adquire em tenra
idade. Há, no entanto, semelhanças suficientes entre este caso histórico e outros que foram
registrados para que possamos sugerir o quão limitadas seriam as nossas faculdades na
ausência de um longo período de socialização primária.
Anthony Giddens, “Sociologia”, Fundação Calouste Gulbenkian
Atividade 3- No terceiro parágrafo do texto o autor afirma que ; “...foram feitas tentativas
sistemáticas de o transformar de animal em humano”. São características que distinguem os
humanos dos animais, Exceto:
a) O fato dos humanos transmitirem cultura para sua descendência.
b) A capacidade de produzir e interpretar símbolos como a escrita.
c) O fato destes viverem em sociedade.
d) A capacidade de analisar seus atos, executar suas tarefas, planejar suas atividades e colocálas em prática.
Atividade 4- O autor no texto aponta as seguintes explicações para o fato do garoto não
conseguir se socializar totalmente, exceto.
a) Uma provável deficiência mental.
b) Possíveis traumas que a eventualmente o garoto pode ter sofrido em sua vivência na selva.
c) O fato de serem limitadas as nossas faculdades mentais longe do convívio social.
d) Provável violência sofrida por esse garoto por parte dos humanos .
Soluções para a tarefa
Respondido por
9
Reposta
3- D
4- D
Explicação:
emillysoaresmaia22:
qual e a resposta da 1 e da 2
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