O menino que carregava água na peneira Tenho um livro sobre águas e meninos. Gostei mais de um menino que carregava água na peneira. A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos. A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água. O mesmo que criar peixes no bolso. O menino era ligado em despropósitos. Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos. A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio, do que do cheio. Falava que vazios são maiores e até infinitos. [...] Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira. No escrever o menino viu que era capaz de ser noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo. [...] Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela. O menino fazia prodígios. Até fez uma pedra dar flor. A mãe reparava o menino com ternura. A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta! Você vai carregar água na peneira a vida toda. Você vai encher os vazios com as suas peraltagens, e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos! (BARROS, Manoel de. Meu quintal é maior do que o mundo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015. p. 114.) No texto, o título do poema ilustra o que a mãe do menino chama de “despropósitos” (v. 30). Sobre essa correlação – ação do menino / percepção da mãe – infere-se que a palavra “despropósito”: A) indica pejorativamente a falta de juízo do menino. B) ratifica as tensões entre gerações no tocante à palavra escrita. C) constitui um neologismo que traduz o caráter insensível do menino. D) possui um prefixo que afasta suas ações cotidianas do plano denotativo. E) contraria a convenção gramatical para enfatizar as inabilidades do menino
Soluções para a tarefa
D) possui um prefixo que afasta suas ações cotidianas do plano denotativo.
A atribuição da palavra despropósito às ações do menino nos apresenta uma versão do mesmo que carece de conveniência, daquilo que se é esperado, e é tomado pela criatividade e pela imaginação, que confere ao menino o dom da criação e da escrita.
Essa sua imaginação e sensibilidade exaltadas afastam o menino da representação do mundo diante de seu sentido literal, denotativo, porqu eé composta por conotações.
Resposta:
possui um prefixo que afasta suas ações cotidianas do plano denotativo.
A atribuição da palavra despropósito às ações do menino nos apresenta uma versão do mesmo que carece de conveniência, daquilo que se é esperado, e é tomado pela criatividade e pela imaginação, que confere ao menino o dom da criação e da escrita.
Essa sua imaginação e sensibilidade exaltadas afastam o menino da representação do mundo diante de seu sentido literal, denotativo, porqu eé composta por conotações.
Explicação: