Música, perguntado por mariagabriela2000, 4 meses atrás

O HIP HOP SURGE COMO UMA FORMA DE PROTESTO DA
POPULAÇÃO NEGRA AMERICANA EM BUSCA DE QUAIS DIREITOS?​

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Respondido por Usuário anônimo
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Resposta:

Antes de tudo, gostaria de frisar que é uma satisfação contar com este espaço de publicação cedido pela Imaginário. Ao mesmo tempo, sinto-me grato por poder fazer uso da palavra por meio da psicologia analítica, em lugar não dedicado exclusivamente a ela. Faço questão de enfatizar este ponto, pois, além do simples fato de que o convívio (ou confronto) entre disciplinas diferentes tende a deixar o debate mais rico, tradicionalmente a psicologia analítica, bem com a psicologia de forma geral, no Brasil pouco tem-se preocupado com as questões étnico-raciais de sua sociedade, como bem aponta FERREIRA (2000). O Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, instituição acolhedora da pesquisa na qual o presente artigo se baseia, não apresenta exceção a essa regra.

Tal pesquisa nasceu do curso de mestrado por mim realizado entre o início de 2002 e o de 2005. A dissertação, seu maior fruto em termos de publicação e divulgação do trabalho, tem um caráter ensaístico e versa sobre o movimento ou cultura hip hop na cidade de São Paulo, bem como sobre a juventude negro-descendente1 e a das periferias dessa metrópole.

Seu referencial teórico é, sobretudo, a psicologia analítica de Carl G. Jung e os chamados pós-junguianos, mas também recorre, por vezes, à história, à sociologia e à antropologia, com a finalidade de tentar compreender um pouco do fenômeno estudado sob outros pontos de vista. Aqui é interessante comentar outro “nado contra a maré” que acabei de realizar: tradicionalmente, a psicologia analítica não se volta de maneira especifica aos fenômenos culturais de nosso aqui e agora; se o faz, em geral – ainda que com exceções que fazem a diferença – é exclusivamente sob a ótica do inconsciente coletivo, dos arquétipos e dos mitos. É prática comum outras disciplinas das ciências humanas não considerarem a psicologia de Jung e seus seguidores, e vice-versa.

Os materiais coletados ao longo da pesquisa foram entrevistas, depoimentos, observações próprias – boa parte destes provenientes da Aliança Negra Posse, organização ligada ao hip hop e localizada na Cohab Cidade Tiradentes –, além de letras da vertente musical rap. Os entrevistados, bem como os autores das letras analisadas, são pessoas com uma trajetória relativamente longa dentro do movimento.

 

Movimento ou cultura hip hop

A cultura hip hop surgiu nos guetos nova-iorquinos, nos Estados Unidos, na década de 1970 (ainda que o ritmo do rap tenha origem anterior na Jamaica). Trata-se de um empreendimento coletivo e abarca manifestações artísticas nos campos da música (RAP, sigla derivada de rhythm and poetry – ritmo e poesia, uma espécie de canto falado ou fala rítmica), das artes visuais (grafite) e da dança (break). O movimento chegou ao Brasil em meados de 1980, época de sensível aumento da população pobre do país, conseqüência do agravamento da crise econômica que marcou o período da redemocratização. Vem atingindo maior notoriedade na sociedade com o passar do tempo e ocorre, principalmente, em comunidades que vivem nas partes periféricas ou marginalizadas de grandes centros urbanos como a cidade de São Paulo (ANDRADE, 1996; PIMENTEL, 1997; CARRIL, 2003; LOURENÇO, 2002; TELLA, 2000).2

O movimento hip hop pode ser caracterizado como uma prática social promovida pelos jovens pobres, principalmente pelos negros. O rap, por sua vez, é a expressão que mais difundiu (e difunde) este movimento, inclusive na mídia. Traz à tona o preconceito racial e social, a pobreza, a violência etc., presentes no cotidiano dessas comunidades, sendo uma manifestação contemporânea fundamental na cena cultural paulistana (ANDRADE, 1996).

Os elementos centrais do rap, por exemplo, podem ser interpretados como reelaborações de práticas culturais de origens africanas, ligadas à tradição oral e à música. Questões relativas à etnicidade estavam bastante presentes nas letras de rap feitas por jovens paulistanos a partir do início de 1990. Buscava-se compreender a história da população negra no país, resgatar símbolos internacionalizados de origem africana e afro-americanos, que passam a ser interpretados como parte de uma história comum às pessoas da diáspora negra (SILVA, 1995).

Explicação:

ESPERO TER AJUDADO!BONS ESTUDOS! SE PRECISAR É SÓ CHAMAR ;) ;D

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