O GRANDE MÁGICO
Finalmente o mágico chegou, e foi um alvoroço. Quando soubemos que ele estava no Grande Hotel do Líbano, eu e uns colegas corremos lá depois da escola e ficamos de guarda na porta, fazendo aquela algazarra que menino faz quando forma bando. Incomodado com o barulho, um rapaz veio lá de dentro e disse que, se queríamos ver o mágico, ele tinha ido ao teatro providenciar a arrumação e só voltava para o jantar.
Mesmo não acreditando muito - podia ser esperteza para nos afastar da porta - resolvemos ir ao teatro.
Logo na entrada vimos um homem baixinho meio gordo conversando com o gerente, e mais lá dentro na sala de espera umas canastras enormes largadas de qualquer jeito.
Olhei para meus colegas, vi que o desapontamento era geral. Não podia ser aquele o tão falado grande Uzk. Não tinha cara, nem corpo nem nada de grande mágico. Devia ser algum empregado, secretário, servente; o mágico mesmo devia estar à frescata no hotel. Mas quando ouvimos o gerente do teatro chamar o homenzinho de Sr.Uzk, não tivemos outro jeito senão aceitarmos a realidade.
Que decepção! Onde estava o homem alto, moço, de olhos chamejantes? Os cartazes não revelam a altura, mas com aqueles olhos tinha que ser uma pessoa alta, pelo menos
eu pensei. Mas olhando bem, e comparando, podia ser. Os olhos tinham qualquer coisa que lembrava os do cartaz. E a testa era a mesma.
A voz também não correspondia à de um homem que olha o mundo com olhos de brasa e faz coisas obedecerem a sua vontade. Como poderia aquela vozinha fina e tremida, mais própria de palhaço, mandar sapo virar borboleta, água virar areia, esterco virar ouro, e ser obedecida? Era como a gente preparar os olhos para ver um dinossauro e ver uma lagartixa.
E para complementar a decepção, o homem tinha uma mancha avermelhada de ferida ou sarna de um lado do rosto, tomando o canto da boca e parte do queixo, de vez em quando ele tirava um lenço de bolso e enxugava aquilo, parecia estar aguando.
E agora? O homem era aquele, não tinha outro. É nisso que dá a gente acreditar em tudo o que ouve. Ele podia ser mágico, mas de magiquinhas corriqueiras.
Saímos dali calados, não querendo dar o braço a torcer. Para preencher o mutismo íamos chutando coisas miúdas que encontrávamos, caixas de fósforos, tampinhas de garrafas, pescoços e pernas secas de urubus mortos durante a grande invasão deles e ainda espalhados por toda parte.
Eu me desinteressei do Grande Uzk e teria perdido o primeiro espetáculo se não fosse à insistência de uns colegas que estavam combinando uma grande vaia para quando ele aparecesse no palco; eles achavam que meu assovio fino e cortante era necessário. Só para atendê-los fiz o sacrifício…
Texto retirado da obra : Quarteto mágico - Contos: Murilo Rubião, José J. Veiga, Campos de Carvalho, Victor Giudice. 2018.
Vocabulário: canastra = cesta larga e baixa; chamejantes = em chamas, brilhantes; mutismo = mudos, calados.
1. A partir de uma leitura atenta, podemos afirmar que o narrador relata as seguintes emoções no decorrer do texto: *
10 pontos
expectativa, dúvida e raiva.
ansiedade, expectativa e medo.
ansiedade, expectativa e decepção.
alegria, medo e raiva.
2. O narrador fica muito decepcionado, pois esperava um mágico: *
10 pontos
raivoso, alto e atlético.
alto, bonito e de olhos brilhantes.
baixinho e mal humorado.
nervoso , bonito e falante.
3. O narrador estabelece uma comparação para descrever sua decepção. A comparação de que ele faz uso no texto para melhor definir essa decepção é: *
10 pontos
era como ver uma mágica maravilhosa e não entendê-la.
era como assistir a um espetáculo de humor e não a um show de mágica.
era como esperar muito tempo alguma coisa e nunca encontrá-la.
era como esperar um dinossauro e ver uma lagartixa.
4. No trecho : “Como poderia aquela VOZINHA fina e tremida...”. temos a presença de um diminutivo. Nessa frase , o emprego do diminutivo sugere: *
10 pontos
desprezo
tamanho
carinho
inocência
5. Por que o narrador foi assistir ao espetáculo, se ele perdera todo interesse? *
10 pontos
queria sair com os amigos
ele ganhou o ingresso
os colegas insistiram para ir para ajudar nas vaias
ele não tinha nada melhor pra fazer
6. Dê a classificação gramatical da sequência das palavras do título do texto: “O grande mágico” *
10 pontos
adjetivo, artigo, substantivo
artigo, adjetivo, substantivo
adjetivo, substantivo, artigo
artigo, substantivo, adjetivo
7. “Grande Hotel do Líbano” e “Grande Uzk” são considerados substantivos: *
10 pontos
comuns
abstratos
próprios
derivados
8. A palavra “ esperteza” é classificada como: *
10 pontos
adjetivo simples
substantivo derivado
locução adjetiva
substantivo composto
9. No texto,o substantivo coletivo “bando” se refere: *
10 pontos
aos empregados do hotel
aos homens do teatro
aos pássaros
aos meninos
10. Quanto à separação de sílabas, podemos considerar correta a alternativa: *
10 pontos
as-so-vio, que-i-xo
preen-cher, in-va-são
di-nos-sau-ro, coi-sa
nis-so, ga-rra-fas
ME AJUDEM PFVR
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Explicação:
Letra C) A Segunda acabei de fazee
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