O filósofo Adolfo Sanches Vasquez criou a diferença entre a ética e a moral. Em que época foi criada essa diferença e qual é a diferença entre os dois conceitos?
Soluções para a tarefa
O termo ética é derivado do grego ethos, que significa “caráter” ou “modo de ser”. As relações sociais humanas dependem da aplicação desse conceito para se manterem sólidas. Não é uma verdade universal, mas sim uma construção de pensamentos feitos pelas próprias sociedades. Inseridos nela tem-se os atos morais, comportamento dos homens em face de determinados problemas, e os juízos morais, que aprovam ou desaprovam esses atos.
Enquanto a ética versa sobre o que consiste uma conduta pautada por normas, a moral aborda sobre o que fazer nas situações concretas, sendo a primeira uma ciência e a segunda o seu objeto de estudo. Conclui-se então que os problemas éticos são caracterizados pela generalidade e os problemas morais pela especificidade, na qual a função principal da ética é designar a melhor prática pelo ponto de vista moral.
A teoria ética consiste na explicação da realidade, e não em sua mera descrição, sendo esta uma percepção errônea de muitos. Além disso, busca esclarecer o motivo do porquê práticas morais diferentes ou até opostas são adotadas, ainda que no mesmo período histórico, e entender de maneira autêntica os modos dos homens.
Em razão de ser um conhecimento científico, a ética deve assegurar uma compreensão metódica e sistemática dos comportamentos, almejando sempre a objetividade e racionalidade enquanto a faz. Assim como citado no próprio livro de Vázquez: “Seu objeto de estudo é constituído por vários tipos de atos humanos: os atos conscientes e voluntários dos indivíduos que afetam outros indivíduos, determinados grupos sociais ou a sociedade em seu conjunto”.
O mundo moral é o tema estudado pela ética, contendo neste os fenômenos da vida social, focando-se no existir e nas necessidades sociais e históricas dos seres humanos. A presença de autonomia na ética não é absoluta, visto que se relaciona com várias disciplinas do saber. Questão exemplificada claramente através do emprego de uma concepção filosófica abrangente do homem, que mesmo assim não exclui o seu caráter científico.
Ademais, no âmbito do direito relativo a ética, ambos examinam o comportamento humano como composto e submetido a normas, diferenciados pelo fator da coercitividade. A psicologia é ligada ao foro íntimo dos indivíduos e ajuda a captar o que os motiva a seguir ou negar certas condutas. A antropologia e a sociologia contribuem para a análise aprofundada das estruturas que integram as relações sociais. Já a economia política procura demonstrar a realidade e os vínculos feitos durante o sistema de produção.
Tendo em vista as informações expostas acima, o grupo concluiu que a ética possui um papel fundamental na sociedade, regendo, de forma muitas vezes inconsciente, o modo de vida de todos. O papel do cidadão é, essencialmente, agir de acordo com os padrões éticos de onde reside, visando sempre o bem-estar coletivo. Posto que há inúmeras morais válidas no tempo e no espaço, a ética como teoria da moral deve conter comportamentos que não sejam fixos, e sim adaptáveis a um certo contexto. Por fim, nunca deve ser desviada de seu verdadeiro propósito de conhecimento, a moral.
Uma análise da obra “O Que é Ética” de Álvaro Valls permite entender que ética não se restringe apenas à teoria, indo desde o questionamento até os próprios comportamentos do homem. O agir de acordo com o bem é uma distinção que não deve apenas ser externada, mas também fruto do raciocínio intrínseco ético. A reflexão acerca desse tema provém da Grécia Antiga, onde a razão se configurou como guia das ações humanas. Já no tempo medieval, é notória a relação estrita que se estabelece entre a religião e ética, uma vez que a primeira era a grande base da segunda. Convém dizer que a religião trouxe um grande avanço moral à humanidade, estando presente até os dias atuais na vida dos indivíduos como fator norteador de suas ações. Todavia, é imprescindível ressaltar a atual banalização da consciência ética e moral, ou seja, a grande maioria da sociedade age moralmente influenciada por ideologias externas, restringindo sua consciência individual. Portando, o indivíduo perde sua capacidade de distinguir entre o bem e o mal, reprimindo a sua liberdade.
Na obra “Ética e Moral - A Busca dos Fundamentos” de Leonardo Boff, a observação das atitudes humanas permite reconhecer que o homem, devido a sua ganância, não age com amor ao próximo e se sobrepõe aos outros seres. A falta do sentimento de solidariedade é o principal indicador de uma generalizada crise de valores. A falta de razão crítica, de equilíbrio e justa medida impedem que os anseios do homem sejam maiores do que o respeito àqueles que vivem ao seu redor. Necessita-se estabelecer novos paradigmas das relações integrantes, devendo ser alcançados através de uma mudança global, garantindo asssim um futuro melhor.
Jürgen Habermas tem em sua obra “A Ética da Discussão e a Questão da Verdade”