O exercício da crônica
Escrever crônica é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de uma máquina, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um assunto qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada houver, resta-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.
MORAES, Vinicius de. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
Nessa crônica é possível perceber o uso da linguagem informal em:
“Escrever crônica é uma arte ingrata”.
“este é levado meio a tapas pelas personagens”.
“Com um prosador do cotidiano”.
“através de um processo associativo, surja-lhe de repente a crônica”.
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na frase "este é levado meio a tapas pelas personagens" há o uso da linguagem informal.
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Malu, muito obrigado
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