O cortiço é um romance fortemente influenciado pelo determinismo.
a) Explique como a posição do narrador contribui para esse viés cientificista da obra.
b) Qual é a relação entre a sensualidade de Rita Baiana e o caráter determinista presente nesse fragmento? Justifique com base em passagens do texto
Soluções para a tarefa
a) No fim do século XIX, o determinismo, enquanto teoria científica da biologia, foi utilizado para justificar muitas coisas da sociedade humana, desnudando a sociedade, descrevendo grupos marginalizados. Essa obra é a principal representação do naturalismo no Brasil, associando seu comportamento ao lugar que os personagens habitam.
b) A descrição de Rita, que é uma mulata, segue o viés determinista. As negras escravas, antecessoras das mulatas, tinham por dever de satisfazer sexualmente os senhores, então essa característica de satisfação e desejo foi passada adiante, quase que hereditariamente.
a) A posição do narrador é distanciada em relação aos personagens e situações, o que se assemelha a de um cientista que observa e analisa a realidade e seus elementos.
A escolha do narrador em terceira pessoa, que conhece tudo e todos, é importante para esse viés cientificista, já que o narrador se apresenta como um ser de visão totalizante, que observa tudo, tal qual um cientista na sua investigação da realidade.
b) A sensualidade de Rita Baiana está muito relacionada ao meio onde ela vive, pois a percepção de Jerônimo em relação a ela está associada à paisagem natural do Brasil e aos seus aromas e sons.
Essa relação entre o indivíduo e o meio natural em que habita é uma das principais marcas do determinismo, que enxerga o ser como um produto do meio em que vive.
O cortiço
No quinto parágrafo do trecho apresentado, há um fragmento que comprova como a Rita Baiana é associada às impressões que Jerônimo teve ao estar no Brasil pela primeira vez: "ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra-verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida".
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