Inglês, perguntado por Usuário anônimo, 11 meses atrás

O conhecimento cientifico e o conhecimento do sem o comum são antagônicos ou complem entares?explique, de acordo com a visão de Boaventura santos.​

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Respondido por andregabi
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3. Críticas de Boaventura a relação de ciência e senso comum de Bachelard no

campo das ciências sociais e naturais

Ao contrário de Bachelard (1996) Santos (1989) defende que a cultura científica

e a comum estão contidas uma na outra e que, para o estabelecimento de novas relações

entre essas formas de conhecimento, é necessário o abandono de pensamentos antigos

sobre uma ciência que seria sustentada por um modelo de racionalidade ligado a ideia

de forte coerência inter e intra-teórica, objetividade, verdade, unicidade e

sistematização, aspectos que tem sido criticado por autores como Feyerabend.

Para Santos (1989, p. 33), no processo de construção daquilo que Bachelard

(1996) chamou de verdadeiro espírito científico, “a ciência se opõe absolutamente a

opinião”. Ainda de acordo com o autor na visão bachelardiana, a formação do

conhecimento científico dito racional e válido só é possível quando outras culturas de

conhecimento consideradas falsas são separadas da ciência. Desse modo, a proposta

bachelardiana atinge (também) outras culturas de conhecimento, como por exemplo, o

“conhecimento vulgar, a sociologia espontânea e a experiência imediata”, uma vez que

esses saberes são meras opiniões (SANTOS, 1989, p. 33).

Conforme Santos (1989) o pensamento bachelardiano defende que a ciência para

ser construída, em oposição ao senso comum, “dispõe de três atos epistemológicos

fundamentais”, que recebem o nome de “ruptura, construção e constatação” (p. 33). Em

sua opinião, esses atos podem ser igualmente aplicados nas ciências naturais e sociais,

porém nestas últimas, com maior dificuldade, devido à complexidade do objeto de

estudo das ciências sociais (o ser humano e suas relações) e o embaralhamento dos

resultados da prática do cientista social com suas próprias opiniões.

Na visão de Santos (1989) no campo das ciências sociais, para que a ruptura

epistemológica tenha êxito é necessário o cumprimento “de dois princípios básicos” que

tiveram sua origem em Durkheim. O primeiro princípio (da não consciência) afirma que

o “sentido das açoes sociais não pode ser investigado a partir das intenções ou

motivações dos agentes que a realizam”, pois estas ações sofrem influência (mesmo que

inconscientemente) de um sistema global de relações sociais. O segundo princípio (o

primado das relações sociais) diz que a “os fatos sociais se explicam por outros fatos

sociais e não individuais” (Santos 1989 apud Durkheim, 1980).

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