O conceito de cultura a que nos reportamos é o de sentido antropológico, ou seja, corresponde à totalidade de práticas carregadas de significado desenvolvidas por grupos sociais e que incluem conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes, enfim, hábitos adquiridos e presentes nos homens (em cada indivíduo) como integrantes de uma sociedade. A cultura, em essência, representa uma espécie de lente pela qual olhamos o mundo e que nos condiciona valores e práticas que compartilhamos com o grupo social em que convivemos. As práticas culturais também produzem estranhamento e preconceito na relação entre as sociedades e grupos sociais, o qual provoca desigualdade social. Independentemente do preconceito e da presença de práticas racistas no país, a cultura negra se impõe como ponto incontornável na cultura nacional. Os séculos de escravidão e a ausência de política de reparação a fim de inserir milhões de afrodescendentes no coração da cidadania brasileira não inviabilizaram a presença da africanidade nas práticas culturais do Brasil. Veja a seguir alguns dados estatísticos que ilustram esse contexto. Descrição da imagem não disponível Dessa forma, a partir dos estudos de cultura africana, analise a presença da africanidade no Brasil a partir de práticas religiosas afrodescendentes, enfatizando sua localização marginal ou popular, bem como os preconceitos culturais.
Soluções para a tarefa
Resposta:
Explicação:
As religiões afrodescendentes têm presença no Brasil desde o século XVII. Uma massa de africanos, com sua africanidade, foi deslocada para a América Portuguesa e, depois da independência, ao Império Brasileiro. Apesar de os senhores de escravos imporem uma política de esquecimento dessa africanidade, ela sempre esteve presente no conjunto das práticas religiosas no país. Contudo, o lugar ocupado pelas religiões de matriz africana está à margem da fé dominante, que é o cristianismo Ocidental. É impossível não compor a esfera religiosa no campo maior de preconceito e discriminação das práticas culturais africanas. O racismo não é apenas ato individual de preconceito de cor ou raça, pois corresponde ao ato de negação de toda a expressividade negra e africana no país. Em outras palavras, é um ato de expropriação da africanidade que, no caso específico da religiosidade afrodescendente, pode ser exemplificado na posição marginal dos sacerdotes e crentes diante do conjunto das religiões Ocidentais e nas perseguições advindas de fundamentalistas cristãos. Quando comparamos os dados do IBGE referentes à distribuição das principais religiões brasileiras com os dados da divisão da população brasileira por raça ou cor, há evidente dificuldade de autoidentificação dos brasileiros pesquisados com a africanidade, que se caracteriza pelo baixo percentual de pretos e de praticantes de religião afro-brasileira.