O CICLISTA
Curvado no guidão lá vai ele numa chispa. Na esquina dá com o sinal vermelho e não se perturba –
levanta voo bem na cara do guarda crucificado. No labirinto urbano persegue a morte com o trim-trim da
campainha: entrega sem derreter sorvete a domicílio.
É sua lâmpada de Aladino a bicicleta e, ao sentar-se no selim, liberta o gênio acorrentado ao pedal.
Indefeso homem, frágil máquina, arremete impávido colosso, desvia de fininho o poste, o caminhão; o ciclista
por muito derrubou o boné.
Atropela gentilmente e, vespa furiosa que morde, ei-lo defunto ao perder o ferrão. Guerreiros inimigos
trituram com chio de pneus o seu diáfano esqueleto. Se não se estrebucha ali mesmo, bate o pó da roupa e – uma perna mais curta – foge por entre nuvens, a bicicleta no ombro.
Opõe o peito magro ao para-choque do ônibus. Salta a poça d`água no asfalto. Num só corpo, touro e
toureiro, golpeia ferido o ar nos cornos do guidão.
Ao fim do dia, José guarda no canto da casa o pássaro de viagem. Enfrenta o sono trim-trim a pé e, na
primeira esquina, avança pelo céu na contramão, trim-trim.
DALTON TREVISAN. In: Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro contemporâneo. 14. ed. São
Paulo: Cultrix, 1997. p. 189.
01 – A linguagem do conto é figurada. Explique as seguinte expressão "Lâmpada d’Aladino”.
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Resposta:
Explicação:
A lamparina com o gênio era para o mago , um recurso mágico
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