Question

O branco açúcar que adoçará meu café

nesta manhã de Ipanema

não foi produzido por mim

nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

 

Vejo-o puro

e afável ao paladar

como beijo de moça, água

na pele, flor

que se dissolve na boca. Mas este açúcar

não foi feito por mim.

 

Este açúcar veio

da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,

dono da mercearia.

Este açúcar veio

de uma usina de açúcar em Pernambuco

ou no Estado do Rio

e tampouco o fez o dono da usina.

 

Este açúcar era cana

e veio dos canaviais extensos

que não nascem por acaso

no regaço do vale.

 

Em lugares distantes, onde não há hospital

nem escola,

homens que não sabem ler e morrem de fome

aos 27 anos

plantaram e colheram a cana

que viraria açúcar.

 

Em usinas escuras,

homens de vida amarga

e dura

produziram este açúcar

branco e puro

com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. QUESTÃO 07

Pela leitura do texto é possível inferir que o autor

 

(A) Reforça a necessidade da manutenção de operários a serviço do povo.

(B) Enaltece a iniciativa do homem urbano na compra do branco açúcar.

(C) Questiona a ação da família frente ao trabalho infantil.

(D) Promove uma reflexão acerca da usinagem e do meio ambiente.

(E) Denuncia uma realidade, apontando diferenças entre os seres sociais.

 

 

QUESTÃO 08

A linguagem figurada, comum a textos poéticos, está presente no texto de Ferreira Gullar. É o que comprovamos em:

 

(A) “O branco açúcar que adoçará meu café...”

(B) “Mas este açúcar não foi feito por mim.”

(C) “...afável ao paladar como beijo de moça...”

(D) “... veio de uma usina de açúcar em Pernambuco.”

(E) “Este açúcar era cana e veio dos canaviais...”

 

 

QUESTÃO 09

O eu lírico do poema se mostra um homem

(A) Consciente

(B) Desconfiado

(C) Incrédulo

(D) Assustado

(E) Indiferente

Answer 1

Resposta:

O branco do açúcar adoçou o meu café de manhã