o bleo é o fundamento da arte porque...
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Resposta:
O Belo em Platão
Para Platão, o entendimento do Belo parte do conhecimento do mundo das Ideias, em um movimento de ida e vinda, ao se aproximar das verdadeiras essências. Segundo o autor, a beleza é um ato, um impulso, uma graça que nele se exprime sob influência de sua Ideia.
O ser humano deve ascender ao Belo em uma escala gradual, primeiro amando todos os belos corpos, passando a amar um só corpo, da beleza pessoal chega aos belos costumes, dos costumes ao belo aprendizado e, por fim, àquele estudo particular que se ocupa da própria beleza e apenas dela, de forma que finalmente venha a conhecer a essência da própria beleza. Assim, para escapar das limitações dimensionais e ascender à verdadeira beleza. Portanto, devemos caminhar do corpo à alma, da alma aos belos costumes e dos belos costumes ao Belo em si.
Platão é conhecido como um crítico da arte, mas sua crítica não era da arte em si, pois o autor não rejeitava a concepção de arte como um todo, apenas aquela que se ocupava com a mimesis, ou seja, com a reprodução fiel da natureza pela obra de arte. As esculturas e as pinturas gregas, por exemplo, que se preocupavam em reproduzir de modo fiel a realidade sensível eram consideradas inferiores, pois estavam copiando o que, segundo Platão, já era uma cópia em si. Assim, as esculturas de deuses, como Dionísio e Afrodite, que eram criadas reproduzindo o movimento do vento na maleabilidade dos tecidos e na curvatura dos corpos; ressaltando os músculos e o despojamento do corpo criava uma sensação que distorcia os sentidos para o que era verdadeiramente importante, a saber, o mundo das formas inteligíveis. Platão também compara a mimesis a um espelho, no qual tudo que temos é uma imagem das coias.
Na República, o filósofo coloca o artista como um fingidor, pois para ele todas as coisas existentes no mundo já são cópias do mundo das ideias e os artistas estariam construindo aparências falsas, que ainda confundem a nossa alma.
Com efeito, a pintura só diz respeito à aparência das coisas, não à sua essência. Diz Platão que ela está afastada da verdade em três graus, uma vez que o pintor imita um objeto que já é por sua vez uma imitação, uma imagem da Ideia (é o célebre exemplo das três camas: a Ideia da cama, a cama fabricada pelo artesão que contempla a Ideia, e a cama do pintor que imita a do artesão). Ao mesmo tempo mentirosa e sedutora, a pintura é portanto uma atividade inútil e perigosa.[1]
Contudo, Platão apreciava a arte egípcia que transmitia uma noção de força, poder e justiça, expressa na rigidez dos corpos, nos traços fortes e uniformes. Pois, segundo Panofsky, Platão acreditava na existência de um caminho que levava a contemplação dessa beleza inteligível que está para além da obra de arte. Segundo o autor, a alma precisa ocupar-se ao espetáculo das belas ocupações, depois ao das belas obras, isto é, não tanto por aquelas produzidas pelas artes, mas daquelas realizadas pelos homens de bem e, por fim, devem comtemplar a própria alma daqueles que executam essas belas obras. (PANOFSKY, pg. 32)
O encantamento da obra, na experiência estética, estaria ligado ao encantamento da obra bela e seria um dos fatores responsáveis pela busca da compreensão conceitual, buscar, portanto, um conhecimento do Belo. A busca platônica pelo belo, não é o belo estético, mas a essência do belo. A beleza estética, embora subjetiva, é facilmente reconhecida, enquanto as outras virtudes, como justiça e sabedoria não são tão fáceis de reconhecer através do olhar. Na Grécia antiga, o bem, o belo, e a verdade (sabedoria) são entendidos como uma tríade inseparável.
Na República, a obra explora não só o governo da pólis, mas o governo da alma, o governo de si mesmo, Platão analisa o papel das artes na educação dos jovens, que como são muito impressionáveis, deveriam estudar apenas os “bons artistas”, pois esses “bons artistas” seriam aqueles que descrevem homens virtuosos do passado, de modo que os jovens se sintam inspirados a imitá-los e se tornarem bons.
O Belo no mundo sensível é o caminho condutor até o mundo das ideias, esse caminho é o amor, mas também se refere a Kalokagathia, que é o ideal pedagógico da sociedade grega de um indivíduo melhor, Kalo significa Belo e Kagathia, ser Belo e Bom. Assim temos a tríade inseparável: Belo, Bem e Verdade, Belo enquanto estético, pois diz a respeito da simetria, harmonia, cores, Belo enquanto moral, que é o equilíbrio das almas e por fim, o Belo enquanto intelectual, que se relaciona com a sabedoria. Essa tríade nos mostra que a preocupação de Platão na República, por exemplo, não é só com uma boa polis, mas também com as virtudes da alma, o governo da alma e de si mesmo.