O beijo da palavrinha
Era uma vez uma menina que nunca vira o mar. Chamava-se Maria Poeirinha. Ela e a sua família eram
pobres, viviam numa aldeia tão interior que acreditavam que o rio que ali passava não tinha nem fim nem foz.
Poeirinha só ganhara um irmão, o Zeca Zonzo, que era desprovido de juízo. Cabeça sempre no ar, as
ideias the voavam como balões em final de festa. Na miséria em que viviar, nada destoava. Até Poeirinha
tinha sonhos pequenos, mais de areia do que castelos.
As vezes sonhava que ela se convertia em rio e seguia com passo lento, como a princesa de um distan-
te livro, arrastando um manto feito de remoinhos, remendos e retalhos. Mas depressa ela saia do sonho,
pois seus pés descalços escaldavam na areia quente. E o rio secava, engolido pelo chão.
Um certo dia, chegou à aldeia o Tio Jaime Litorânio, que achou grave que os seus familiares nunca ti-
vessem conhecido os azuis do mar.
Que a ele o mar lhe havia aberto a porta para o infinito. Podia continuar pobre mas havia, do outro lado
do horizonte, uma luz que fazia a espera valer a pena. Deste lado do mundo, faltava essa luz que nasce não
do Sol mas das águas profundas.
A fome, a solidão, a palermice do Zeca, tudo isso o Tio atribuía a uma única carência: a falta de maresia. Há
coisas que se podem fazer pela metade, mas enfrentar o mar pede a nossa alma toda inteira. Era o que dizia Jaime
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Explicação:
ações do personagem em suas consequências e suas consequências
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