O 222
Léo apertou a campainha do 222, recebera um
chamado. Logo se abria um palmo de porta
mostrando a cara e o sorriso largo do Barão.
Embrulhado num robe azulão, ele parecia ainda
mais gordo, mole e displicente.
— Me traga os jornais de sempre – pediu o
hóspede passando ao bellboy uma nota amassada.
— Esse dinheiro não vai dar, senhor.
— Tem razão. Um momento.
Quando abriu o guarda-roupa para apanhar a
carteira, Leo viu pelo espelho interno do móvel que
o Barão tinha companhia: um homem pequeno,
com pinta de índio, vestindo roupas civilizadas,
lavava concentradamente as mãos na pia do
banheiro. Devia ser uma daquelas muitas pessoas
que o Barão ajudava, pensou o rapaz.
O volumoso hóspede do 222 demorava para
encontrar a carteira nos bolsos de seus paletós,
enquanto o bellboy aspirava vários cheiros do
apartamento: o de charutos já fumados e
amanhecidos, um mais agradável de lavanda e
ainda outro de maçã, sempre vendo pelo espelho o
tal homenzinho a lavar as mãos e a enxugá-las em
toalhas de papel que ia jogando numa cesta.
Depois, com o súbito receio de ser visto pelo
espelho do guarda-roupa, fechou a porta do
banheiro com uma cotovelada.
Afinal o Barão reapareceu com mais dinheiro e
um novo sorriso.
— O troco é seu, meu filho.
Léo voltou com os jornais e tocou a campainha
do 222. Desta vez o hóspede não abriu de imediato
a porta. Antes que o fizesse, o bellboy ouviu ruídos.
—Quem é?–perguntou o Barão, o que nunca fazia.
— Sou eu, o bellboy. Trouxe os jornais.
A porta abriu pouco e lentamente, o suficiente
apenas para mostrar o rosto do hóspede. O Barão
muito pálido, como um doente,teimava em sorrir, mas
não devia estar bem porque suas mãos, trêmulas,
deixaram cair os jornais. Leo abaixou-se para apanhá-
los quando viu, sob a cama, dois pés calçados,
apontando para a porta. Pegou os jornais e, ao
levantar-se, notou que havia uma mancha vermelha,
provavelmente de sangue, no robe do gordo do 222.
— Obrigado – disse o Barão, segurando
confusamente os jornais e apressando-se em
fechar a porta.
Mesmo diante da porta fechada, Leo deteve-se
ainda um momento para relembrar e fixar na
memória a cena que acabara de ver. Daí por diante
começariam seus problemas.
O personagem principal desse romance, Leo,
trabalha como bellboy, ou mensageiro em um hotel.
A respeito da primeira parte do trecho lido, assinale
a alternativa correta:
(A) O trecho apresenta o primeiro contato entre
Leo e o Barão, cuja aparência (“gordo, mole e
displicente”) causou estranhamento no rapaz,
gerando os problemas mencionados no último
parágrafo.
(B) O hóspede do 222 já era conhecido de Leo, que
costumava prestar-lhe serviços com frequência,
como buscar seus jornais, por exemplo.
(C) A presença de outras pessoas no quarto 222
causou muita estranheza em Leo, pois nunca
havia visto o Barão em companhia de outras
pessoas.
(D) A atitude de Leo, ao dizer que o dinheiro não
seria suficiente, denota uma certa “malandragem”
de sua parte, pois queria ficar com o troco.
(D) É possível associar a atitude do outro homem,
que “lavava concentradamente as mãos”, aos
cheiros desagradáveis vindos do interior do
quarto.
justmoon717:
Elite ne? f0d@ essa prova
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Resposta:
B
Explicação:
A- na realidade não causou estranhamento, ele apenas comentou q deixa o barão mais gordo e etc
B- SIM, já que aparentemente o menino fazia isso frequentemente
C- no próprio texto diz que o menino não estranhou pq o barão ajudava pessoas frequentemente
D- não, tanto que o próprio barão concorda que o dinheiro não iria dar
E- ele apenas sentiu cheiro de charuto fumado, e um cheiro AGRADÁVEL de lavanda e canela
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