No século XVII, o filósofo René Descartes, buscou compreender a natureza humana e concluiu que somos formados por duas substâncias distintas,mas que se relacionam entre si. Quais são elas?
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A VISÃO DE DESCARTES ERA INATISTA E COM FORTE INFLUÊNCIA DAS IDÉIAS MECANISTAS, DESCARTES SUSTENTAVA UMA POSIÇÃO DUALISTA ENTRE MENTE (MUNDO MENTAL) E CORPO (MUNDO MATERIAL OU FÍSICO)
A filosofia de René Descartes (1596-1650) contribuiu para a nova concepção de corpo. Para ele, o ser humano é constituído por duas substâncias distintas:
· A substância pensante (em latim res congitans, “coisa que pensa”), de natureza espiritual: o pensamento;
· A substância extensa (res extensa), de natureza material: o corpo.
Eis aí o dualismo psicofísico cartesiano. Esse posicionamento, embora pareça como o dualismo platônico, apresenta diferenças, porque Descartes concebe um corpo-objeto associado à ideia mecanicista do ser humano – máquina. Ou seja, para o filósofo, o nosso corpo age como maquina e funciona de acordo com as leis universais.
Descartes explica, porém, que, apesar de diferentes, o corpo e alma são substâncias que se relacionam, porque a alma necessita do corpo: é pela imaginação que o corpo fornece à alma os elementos sensíveis do mundo e pelo qual podemos experimentar sentimentos e apetites. Mas cabe à alma submeter à vontade da razão, controlar as paixões que prejudicam a atividade intelectual e provocam tristezas, bem como cultivar aquelas que nos dão alegria. Em As paixões da alma, Descartes afirma que podemos conhecer a força ou a fraqueza da alma pelos combates em que a vontade consegue vencer mais facilmente as paixões.
Como vemos, a concepção cartesiana sobre a relação corpo e alma alia-se à necessidade de um comportamento moral livre que, por meio da pratica da virtude e da sabedoria, permita ao ser humano controlar paixões. Seria isso a felicidade? É assim que Descartes escreve em uma carta dirigida à princesa Elisabeth da Boêmia, em 1645:
A maior felicidade do homem depende desse reto uso da razão e, por conseguinte, que o estudo que serve para adquiri-lo é a mais útil ocupação que se possa ter, como é, sem dúvida, a mais agradável e a mais doce.