no poema de Camões (voltas) o eu lírico se queixa da contradição entre a simbologia da cor dos olhos e o comportamento da menina ("na cor, esperança/ e nas obras, não"). Identifique no poema de Gonçalves Dias (olhos verdes) um exemplo de contradição dos olhos na interpretação do lírico. Explique o exemplo.
Soluções para a tarefa
1. (Enem/MEC) Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados que se excluem mutuamente. Para Garfield, a frase de saudação de Jon (tirinha abaixo) expressa o maior de todos os oxímoros.
Folha de S. Paulo. 31 de julho de 2000.
Nas alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do poema “O operário em construção”. Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em:
(A) "Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão."
(B) "... a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão."
(C) "Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava."
(D) "... o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário."
(E) "Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão."
MORAES, Vinícius de. Antologia Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
Antes de responder às questões de 2 a 4, leia a cantiga e observe a sua musicalidade e a graça de seus trocadilhos.
Cantiga
A este mote alheio:
Menina dos olhos verdes,
Por que me não vedes?
Voltas
Eles verdes são,
e têm por usança
na cor, esperança
e nas obras, não.
Vossa condição
não é d'olhos verdes,
porque me não vedes.
Isenções a molhos
que eles dizem terdes,
não são d'olhos verdes,
nem de verdes olhos.
Sirvo de giolhos,
e vós não me credes
porque me não vedes.
Haviam de ser,
porque possa vê-los,
que uns olhos tão belos
não se hão-de esconder;
mas fazeis-me crer
que já não são verdes,
porque me não vedes.
Verdes não o são
no que alcanço deles;
verdes são aqueles
que esperança dão.
Se na condição
está serem verdes,
porque me não vedes?
CAMÕES, Luís Vaz de. Rimas. Texto estabelecido, revisto e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão. Coimbra : Atlântida, 1973. P. 17-18.
2. Faça a escanção dos versos do mote e dos dois primeiros das voltas. Classifique-os quanto à métrica.
Me / ni / na / dos / o / lhos / ver / des, - redondilha maior (heptassílabo); por / que / me / não /ve / des? – redondilha menor (pentassílabo); E / les / ver / des / são, / e / têm / por / u / san / ça, - redondilhas menores (pentassílabos).
3. Nos versos “Vossa condição / não é d’olhos verdes” há um trocadilho, pois a palavra “verdes” pode ser lida com dois significados diferentes. Explique o trocadilho.
A palavra verdes pode ser entendida como adjetivo, explicitando a cor, e como o verbo ver, no infinitivo flexionado, 2ª pessoa do plural: Vossa condição não é de verdes os olhos. Pelo segundo sentido, a menina não vê os olhos apaixonados do eu lírico, como ele explica no último verso: “por que me não vedes?”
4. Tradicionalmente, as cores possuem significados simbólicos. Por exemplo, a cor preta pode representar tristeza e luto; a amarela, desespero, medo; a azul, em certos contextos, representa o sonho, a felicidade; noutros, a tristeza.
a) O valor simbólico da cor verde nos versos de Camões é o mesmo que o de hoje? Qual é o valor simbólico? Sim; esperança.
b) Que versos explicitam esse sentido simbólico?
“na cor, esperança”; “verdes são aqueles / que esperança dão.”
Leia o poema para responder às questões
Resposta:
tes só havia chão."
(B) "... a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão."
(C) "Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo
Explicação: