No oitavo andar, mesmo descalço, estou distante da superfície. Há uma montanha de cimento e ferro entre meu corpo e a terra que produz alimentos e flores, abre-se em rios e mares, acolhe pedras e absorve chuvas.
Desço e, a caminho do trabalho, sou transportado por um veículo que me mantém a certa distância do dorso do Planeta. Trafego por avenidas que já foram rios e ruas que vedam as costas de nossa morada cósmica com uma densa camada de asfalto. Subo no elevador, essa caixa metálica que nos distribui por salas e escritórios, marionetes agitadas de um gigante invisível que ri de nossa sofreguidão. À hora do almoço, piso calçadas espessas com meus pés cobertos por grossas solas de material sintético.
Nunca deixo meu corpo em contato direto com a mãe Gaia. Meu computador tem um fio-terra, mas eu não. (..)
(Abril de 2001)
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Resposta:
espero ter ajudado
Explicação:
O poema de Frei Beto relata a angústia de quem habita em grandes cidades, fazendo uma comparação entre um monumento natural que é a montanha com o prédio de concreto.
Em outro trecho ele se lembra que caminha sobre rios cobertos de cimento que o mantém distante do dorso da terra, além de portar sapatos que nunca o deixa estar em contato com a Gaya.
Também se utiliza de metáfora quando comparara o elevador a uma caixa que o leva ao escritório, sentindo-se como marionete.
Finaliza o poema enfatizando que a distância entre a mãe terra e o homem é maior do que entre ela e a do seu computador.
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