Português, perguntado por byancafernandes03226, 5 meses atrás

No morro não tem só bandido
Subindo a ladeira, ouvi uma frase de um grupo de jovens que desconhece o meu lugar,
dizendo que ‘no morro só mora bandido’. Isso não é verdade. Acredito. Isso é preconceito.
No lugar onde vivo, quase todo o dia, tem tiros que podem ser confundidos com barulhos de
fogos. O céu, à noite, fica iluminado pelas balas e traficantes que cruzam o morro. Parece uma festa
junina, mas não é. Se fosse festa se chamaria "Festa da Desesperança"; são bandidos e policiais trocando
tiros, esquecendo da comunidade assustada, que não tem nada a ver com essa guerra que tira vidas de
pessoas inocentes.
Moro na Messina, no Jardim Carioca. Na verdade, não parece um jardim. O lugar é triste,doloroso e medonho; é como um beco sem saída e sem esperança. A comunidade só mora aqui porque
não tem dinheiro para morar num lugar melhor.
Ser pobre não significa ser bandido não. As pessoas não têm culpa de serem pobres. A maioria
tem bom caráter, sensibilidade; elas só querem ser alguém na vida e ter paz. Sinto que que todas as
pessoas vivem tristes por causa da violência que mata e destrói famílias, que não têm nada a ver com o
tráfico de drogas. Eu percebo o medo nos rostos das pessoas quando há tiros, quando acordam ou vão
dormir e torço para que só escutem o barulho de pássaros cantando, pois quero ver a felicidade,
harmonia e o amor no meu lugar.
Favela não só tem bandido, não. Nem todo mundo conhece o lugar onde vivo. No morro têm
pessoas trabalhadoras saindo cedo de casa para trabalhar; para buscar o pão de cada dia e dar o que
comer aos filhos, que ficam com a esperança no coração, esperando o pai voltar com vida e alimentos.
Têm crianças que querem brincar, estudar, querem um futuro melhor, pois algumas trabalham cedo
demais porque têm pais desempregados. Elas trabalham catando papelão, varrendo ruas, vendendo rosas
nos bares, nos restaurantes e sinais, pois não querem ser marginais.
Na minha opinião, tem gente passando muita necessidade e a fome é tanta, que elas vão roubar e,
sem pensar no que estão fazendo se envolvem na bandidagem e no tráfico de drogas. Com isso, o lugar
onde moro vai aparecendo na televisão e nos jornais. A televisão não mostra o lado bom do morro: as
brincadeiras das crianças, a amizade da comunidade, as pessoas que são boas e querem fazer a favela
ficar bonita e um lugar bom de se viver.
Entendo que o aumento da violência acontece por causa do desemprego e da fome. Portanto, os
governos e as prefeituras devem se preocupar mais com os pobres. Nós não somos bichos nem bandidos.
Somos trabalhadores e cidadãos que precisam de emprego, um bom lugar para se viver com dignidade,
mais escolas, hospitais. Quando isso acontecer, aí sim, eu vou morar num verdadeiro Jardim Carioca e
vou deixar de ouvir a frase que tanto me deixa chateada.
(Giselle Santos de Paola, texto adaptado)
Atividade 1:
O título do texto antecipa para o leitor o seu conteúdo? Explique.
Atividade 2:
Que informação a sequência “quase todo o dia”, que inicia o texto, deixa implícita?
Atividade 3:
Por que autora provavelmente nomeia a festa de "Festa da Desesperança”?

Soluções para a tarefa

Respondido por marcusoliveira134
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