Sociologia, perguntado por raissar2019, 7 meses atrás

NO FAROL

— Bem-vindo ao Esmola’s Drive Thru.

— Como?

— Bem-vindo ao Esmola’s Drive Thru.

— Peraí, até ontem isso aqui era um farol.

— Era, mas agora é mais uma franquia do

Esmola’s Drive Thru. Com concessão da

prefeitura e tudo. Taqui,ó. Parte da renda é

revertida para a Associação Municipal dos Bi-

rodais.

— Bi-rodais?

— Pessoal que anda em cadeira de rodas.

Politicamente correto, sacumé. Agora, por favor,

peça pelo número.

— Hã?

— Peça pelo número. Não tá vendo o menu ali

no painel ao lado do semáforo?

— Ah...

— Eu ajudo. Número 1, abordagem seca,

rápida, objetiva e fim de papo – 1 real. Mas esse

não dá mais porque o senhor ficou aí embaçando.

— Sei.

— Número 2, abordagem piedosa com criança

no colo e uso das palavras “tio” e “tia” – 50

centavos.

— Número 3, abordagem infantil com caixa de

Mentex à mão – trerreal para carro importado, –

dorreal para carro nacional do ano, – 1 real para

“outros”. Grátis, três Mentex.

— Sei.

— Enquanto o senhor pensa, deixa eu

começar a atender o cliente aqui do lado... Bem-

vindo ao Esmola’s Drive Thru. Sua parada é

muito importante para nós. Por favor, aguarde

que logo será atendido... – Pronto, voltei. E aí?

— Aceita tíquete?

— Vale esmola, ticket-Farol, Visa e

Mastercard. O senhor também pode comprar um

carnê com 20 números 1, ou então tudo sortido.

Decidiu?

— Abriu o sinal. Fica pra próxima.

(FREIRE, Ricardo. The Best

of Xongas. S. P.: Mandarim, 2001)

01. O assunto trabalhado no texto é apresentado

pelo(a)

(A) presença de pedintes nos faróis das cidades

brasileiras.

(B) pedir esmola como solução para acabar com

a miséria.

(C) exploração, pela família, do trabalho infantil.

(D) trabalho e educação para as crianças pobres.

(E) profissionalização da ação de pedir esmola.

02. Sobre a intenção do texto, pode-se afirmar

que o autor pretende

(A) criar humor a partir da junção de elementos

do empresarial a uma situação comum.

(B) transformar uma situação comum, do dia a dia

em um grito contra exploração infantil.

(C) mostrar que pessoas podres podem ganhar

dinheiro se estudarem princípios empresariais.

(D) refletir sobre a miséria que há no país concre-

zada pelos pedintes nas ruas.

(E) denunciar as mazelas da sociedade brasileira

que não gosta de dar esmolas.

03. Em qual frase abaixo, fica claro que “o

negócio” explorado no farol é legalizado?

(A) “Politicamente correto, sacumé.”

(B) “Com concessão da prefeitura e tudo.”

(C) “Vale esmola, ticket-Farol, Visa e Mastercard.”

(D) “Sua parada é muito importante para nós.”

(E) “Peça pelo número.”

04. No texto há várias marcas de oralidade. Em

qual alternativa a expressão oral está

adequadamente transcrita para uma situação

formal.

(A) Sacumé. → Sabe cumé.

(B) Taqui, ó. → Está aqui, olhe.

(C) dorreal para carro nacional. → dois real para

carro nacional.

(D) o senhor ficou embaçando → o senhor ficou

aí demorando.

(E) Peraí, até ontem isso aqui... → Espera aí

até ontem istaqui...

05. O texto foi construído com formas do

Português não padrão, tais como, “Taqui,ó”,

“dorreal”. Essas formas legitimam-se na

construção do texto, pois

(A) revelam o bom humor dos personagens.

(B) revelam as escolhas feitas por um autor não

escolarizado.

(C) estão presentes na língua e na identidade

popular.

(D) tornam a leitura fácil de entender para todos

os brasileiros.

(E) compõem um conjunto de estruturas da língua

inovadoras.​

Soluções para a tarefa

Respondido por olavolucas7117
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