Física, perguntado por Clistenys, 4 meses atrás

No circuito da Figura, a chave se move instantaneamente da posição A para B em t = 0.

a) Determine para qualquer v(t) ≥ 0;
b) Que tipo de resposta esse circuito produzirá. Subamortecida, superamortecida ou criticamente amortecida? Justifique sua resposta.

Anexos:

victorpaespli: Gostaria de saber se há alguma condição inicial nesse problema. No caso, o capacitor se encontra carregado quando t=0, certo? Do contrário, nada aconteceria

Soluções para a tarefa

Respondido por victorpaespli
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Vamos considerar a situação inicial onde a chave ficou um tempo muito longo na posição A e depois foi mudada para a posição B.

Enquanto a chave estava na posição A, carga se acumulou no capacitor, até que uma ddp constante fosse atingida. Essa será a condição inicial do problema. Primeiro, precisamos encontrar tal ddp.

Temos um gerador de corrente contínua que mantém uma corrente de 5 ampères. Parte dessa corrente irá em direção ao indutor, passará pelo capacitor e retornará ao início. A outra parte irá passar pelo resistor de 4 ohm. Seja I_1 a parte da corrente que vai na direção do indutor e seja I_2 a parte da corrente que passa pelo resistor de 4 ohm.

Temos que I_1 + I_2 = 5\text{ A}  Pela conservação da energia, a ddp em um circuito fechado é 0.

Podemos escrever:

\displaystyle{-L\frac{dI_1}{dt}-\frac{1}{C}\int_0^t I_1 dt+RI_2=0}

\displaystyle{-L\frac{dI_1}{dt}-\frac{1}{C}\int_0^t I_1 dt+R(5-I_1)=0}

\displaystyle{\ddot Q_1+\frac{R}{L}\dot Q_1+\frac{1}{LC}Q_1=5\frac{R}{L}}

\displaystyle{\ddot Q_1+16\dot Q_1+100Q_1=80}

A solução da EDO será a soma da solução homogênea e da solução particular.

A solução homogênea é da forma e^{pt}. A equação característica é:

\displaystyle{p^2+16p+100=0}

A solução dessa equação é:

\displaystyle{p=-8\pm 6i}

A solução homogênea é:

\displaystyle{Q_{1h}(t)=e^{-8t}(c_1e^{6i t}+c_2e^{-6i t})}

\displaystyle{Q_{1h}(t)=e^{-8t}(A\cos{(6t-\phi)})}

A solução particular deverá ser uma constante:

Seja Q_{1p}(t)=K

100K = 80

\displaystyle{K = \frac{4}{5}}

A solução geral é:

\displaystyle{Q_{1}(t)=e^{-8t}(A\cos{(6t-\phi)})+\frac{4}{5}}

Precisamos achar A e \phi. As condições iniciais Q_1(0)=0 e \dot Q_1(0)=0

\displaystyle{\dot Q_{1}(0)=-8A\cos{(\phi)}+6A\sin{(\phi)}=0}

\displaystyle{\frac{8}{6}=\tan{(\phi)}}

\displaystyle{\phi=\arctan(\frac{4}{3}})}

\displaystyle{Q_{1}(0)=A\cos{(-\phi})+\frac{4}{5}=0}

\displaystyle{A\cos{(\phi})=-\frac{4}{5}}

Quanto é  \cos{(\phi)} ? Imagine um triangulo de catetos 3 e 4 onde \phi é o ângulo oposto ao cateto que mede 4. A hipotenusa será 5, e com isso o cosseno será 3/5 = 0.6

\displaystyle{\frac{3}{5}A=-\frac{4}{5}}

\displaystyle{A=-\frac{4}{3}}

Por fim:

\displaystyle{Q_{1}(t)=-\frac{4}{3}e^{-8t}\cos{(6t-\arctan(4/3))}+\frac{4}{5}}

Quando t tende ao infinito, a carga final no capacitor será 0.8 C, pois o termo oscilatório ira "morrendo" por causa da exponencial decadente.

Finalmente podemos resolver o que o problema nos pede.

Quando a chave for de A para B teremos um circuito RLC com o capacitor carregado.

A EDO em função da carga Q do sistema é:

\displaystyle{\ddot Q+\frac{R}{L}\dot Q+\frac{1}{LC}Q=0}

Agora o resistor tem 10 ohms.

\displaystyle{\ddot Q+40\dot Q+100Q=0}

Teremos a equação característica:

\displaystyle{p^2+40p+100=0}

Que tem por solução:

\displaystyle{p=-20\pm10\sqrt{3}}}

A solução geral da é:

\displaystyle{Q(t)=e^{-20t}(c_1e^{10\sqrt{3}t}+c_2e^{-10\sqrt{3}t})}

Condições iniciais Q(0)=0.8 e \dot Q(0)=0

\displaystyle{Q(0)=c_1+c_2=0.8}

\displaystyle{c_1=0.8-c_2}

\displaystyle{\dot Q(0)=(-20+10\sqrt{3})c_1+(-20-10\sqrt{3})c_2=0}

\displaystyle{(-20+10\sqrt{3})(0.8-c_2)=(20+10\sqrt{3})c_2}

\displaystyle{(-20+10\sqrt{3})0.8=c_2(20\sqrt{3})}

\displaystyle{c_2=\frac{(-20\sqrt{3}+30)0.8}{60}}

\displaystyle{c_2=\frac{-4\sqrt{3}+6}{15}}

\displaystyle{c_1=0.8-\frac{-4\sqrt{3}+6}{15}}

\displaystyle{c_1=\frac{4\sqrt{3}+6}{15}}

A solução geral:

\displaystyle{Q(t)=e^{-20t}(\frac{4\sqrt{3}+6}{15}}e^{10\sqrt{3}t}-\frac{4\sqrt{3}-6}{15}}e^{-10\sqrt{3}t})}

E por fim, a equação para a ddp no capacitor para t>0:

\displaystyle{V(t)=Q(t)/C=25e^{-20t}(\frac{4\sqrt{3}+6}{15}}e^{10\sqrt{3}t}-\frac{4\sqrt{3}-6}{15}}e^{-10\sqrt{3}t})}

Isso responde o item A.

Para o item B a resposta é amortecimento supercrítico.

Afinal, obtemos 2 raízes reais distintas para a equação característica da nossa EDO. O que caracteriza o amortecimento crítico.

Respondido por Vulpliks
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Problema 8.17 do livro do Sadiku, 5ª edição.

A chave se encontra na posição A por um bom tempo. Então podemos considerar que tanto o indutor quanto o capacitor estão em estado estacionário.

Com isso, podemos substituir o capacitor na figura por um circuito aberto e o indutor por um curto-circuito.

Assim, a corrente inicial sobre o indutor, no instante t = 0s é nula.

i_L(0) = 0 \text{ A}

A tensão inicial sobre o capacitor, em t = 0s é a mesma tensão aplicada sobre o resistor de 4 \text{ }\Omega:

V_C(0) = I_S \cdot R_{4\Omega}

V_C(0) = 5 \cdot 4

V_C(0) = 20 \text{ V}

Quando a chave move para a posição B, a fonte de corrente e a resistência de 4 \text{ }\Omega desaparecem do circuito, conectando agora o indutor e o capacitor com a resistência de 10 \text{ }\Omega.

Vamos começar aplicando a Lei de Kirchoff para as Tensões nessa malha.

V_R(t) + V_L(t) + V_C(t) = 0

R \cdot i_L(t) + L \cdot \dfrac{di_L(t)}{dt} + V_C(t) = 0

Mas lembre que como o indutor e o capacitor se encontram em série, a corrente que atravessa o indutor é a mesma que passa pelo capacitor:

i_C(t) = i_L(t)

E lembre que:

i_C(t) = C \cdot \dfrac{dV_C(t)}{dt}

Fazendo essa substituição:

R \cdot C \cdot \dfrac{dV_C(t)}{dt} + L \cdot C \cdot \dfrac{d^2V_C(t)}{dt^2} + V_C(t) = 0

Dividindo tudo por L \cdot C:

\dfrac{d^2V_C(t)}{dt^2} + \dfrac{R \cdot C}{L \cdot C} \cdot \dfrac{dV_C(t)}{dt} + \dfrac{1}{L \cdot C} \cdot V_C(t) = 0

\dfrac{d^2V_C(t)}{dt^2} + \dfrac{R}{L} \cdot \dfrac{dV_C(t)}{dt} + \dfrac{1}{L\cdot C} \cdot V_C(t) = 0

Aplicando a Transformada de Laplace:

\mathcal{L}\left[\dfrac{d^2V_C(t)}{dt^2}\right] + \dfrac{R}{L} \cdot \mathcal{L}\left[\dfrac{dV_C(t)}{dt}\right] + \dfrac{1}{L\cdot C} \cdot \mathcal{L}\left[V_C(t)\right] = 0

s^2 \cdot V_C(s) - s \cdot V_C(0) - V_C'(0) + \dfrac{R}{L} \cdot\left[s \cdot V_C(s) - V_C(0)\right] + \dfrac{1}{L\cdot C} \cdot V_C(s) = 0

Isolando V_C(s):

V_C(s) \cdot \left[s^2 + \dfrac{R}{L} \cdot s + \dfrac{1}{L \cdot C} \right] = s \cdot V_C(0) + \dfrac{R}{L} \cdot V_C(0) +V_C'(0)

Considere V_C'(0) = 0\text{ V}:

V_C(s) = \dfrac{\left(s + \dfrac{R}{L}\right) \cdot V_C(0)}{s^2 + \dfrac{R}{L} \cdot s + \dfrac{1}{L \cdot C}}

Vamos aplicar Frações Parciais:

V_C(s) = \dfrac{A}{s - r_1} + \dfrac{B}{s - r_2}

Onde r_1 e r_2 são as duas raízes do polinômio de segundo grau no denominador. Podemos utilizar Bhaskara para encontrá-las:

r = \dfrac{-b \pm \sqrt{b^2 - 4 \cdot a \cdot c}}{2 \cdot a}

Utilizando a = 1, b = \dfrac{R}{L} e C = \dfrac{1}{L \cdot C}:

r = \dfrac{-\dfrac{R}{L} \pm \sqrt{\left(\dfrac{R}{L}\right)^2 - 4 \cdot 1 \cdot \dfrac{1}{L \cdot C}}}{2 \cdot 1}

Sabendo que \dfrac{R}{L} = 40 e \dfrac{1}{L \cdot C} = 100, encontramos:

r = \dfrac{-40 \pm \sqrt{1600 - 400}}{2}

r = \dfrac{-40 \pm \sqrt{1200}}{2}

r = \dfrac{-40 \pm 34.641}{2}

r_1 = \dfrac{-40 + 34.641}{2} = \dfrac{-5.3589}{2} = -2.6795

e:

r_2 = \dfrac{-40 - 34.641}{2} = \dfrac{-74.641}{2} = -37.320

Logo, teremos:

V_C(s) = \dfrac{A}{s + 2.6795} + \dfrac{B}{s + 37.320}

Então:

\left \{ {{A + B = V_C(0)} \atop {37.32 \cdot A + 2.6795 \cdot B = V_C(0) \cdot \dfrac{R}{L}}} \right.

Substituindo:

\left \{ {{A + B = 20} \atop {37.32 \cdot A + 2.6795 \cdot B = 800}} \right.

Sistema linear com duas incógnitas e duas equações. Dá para resolver por substituição:

A = 20 - B

37.32 \cdot (20 - B) + 2.6795 \cdot B = 800

746.4 -37.32 \cdot B + 2.6795 \cdot B = 800

-37.32 \cdot B + 2.6795 \cdot B = 800 - 746.4

-34.6405 \cdot B = 53.6

B = - \dfrac{53.6}{34.6405}

B = - 1.5473

Calculando A:

A = 20 - (-1.5473)

A = 20 + 1.5473

A = 21.5473

Substituindo:

V_C(s) = \dfrac{21.5473}{s + 2.6795} - \dfrac{1.5473}{s + 37.320}

Bem, agora aplicamos a transformada inversa de Laplace para retornar ao domínio do tempo.

V_C(t) = 21.5473 \cdot \mathcal{L}^{-1}\left[\dfrac{1}{s + 2.6795}\right] - 1.5473 \cdot \mathcal{L}^{-1} \left[\dfrac{1}{s + 37.320}\right]

a)

\boxed{V_C(t) = 21.5473 \cdot e^{-2.6795\cdot t} - 1.5473e^{-37.320}\text{ , } t > 0\text{ s}}

b)

O tipo de resposta de um sistema de segunda ordem está relacionado com as raízes r_1 e r_2 obtidas através da Equação de Bhaskara.

Como ambas as raízes são reais e distintas, temos que a resposta é superamortecida (ou amortecimento supercrítico).

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