Ninguém discute que os egípcios são africanos, mas afinal, eles são um povo de etnia branca ou negra?
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Resposta:
Curto e grosso: egípcios não eram brancos ou negros. Eram egípcios. E isso tem a ver com as aspas no título: a ideia de raça não é mais aceita como científica, basicamente porque um suposto branco e um suposto negro podem ser muito mais geneticamente parecidos entre si que entre outros membros da mesma raça. E não havia os conceitos atuais de negro ou branco na Antiguidade. Mas isso não mata a pergunta. Raça existe como um conceito social e histórico, que todos sabem o que quer dizer.
Vamos lembrar que os egípcios não eram uniformes: grupos variados se estabeleceram na região ao longo do tempo — de pele mais clara ao norte e mais escura ao sul, e tudo no caminho. “A distinção dos egípcios em relação aos outros povos africanos tem sido feita desde os greco-romanos”, diz Julio Gralha, coordenador do Núcleo de Estudos em História Medieval, Antiga e Arqueologia Transdisciplinar da Universidade Federal Fluminense (UFF-PUCG).
A questão é retomada nos séculos 18 e 19, quando expedições europeias pelo continente africano “levam a esse paradigma de que o Egito é muito sofisticado e de que não teria uma origem na África”.
O outro lado da história, de um Egito negro, aparece ainda no século 19, por meio de pessoas como o egiptólogo francês Jean-François Champollion (1790-1832), o decifrador da Pedra de Roseta. Para ele, os antigos egípcios eram negros do mesmo tipo que todos os nativos da África. A ideia seguiu viva no século 20, especialmente pelos pensamentos de Cheikh Anta Diop (1923-1986), historiador e antropólogo senegalês.
Diop levantou alguns argumentos nesse sentido, como as representações dos egípcios sobre eles mesmos como negros. Porém, de acordo com Julio Gralha, na iconografia, os egípcios se representam na cor marrom — enquanto os núbios estão na cor negra e os líbios e asiáticos, em tom de amarelo. “O que o egípcio está dizendo nessa representação é que ele é mais claro do que os núbios e mais escuro do que os asiáticos.”
Outra questão trazida por Diop fala em fontes escritas antigas que se referiam ao povo egípcio usando o termo kmt (redução de kemet), que indica a cor preta. “Ao usar o kmt, os egípcios estão se referindo à terra negra, e não a eles como negros. Eles são da terra negra, que é o Nilo. O erro veio ao analisar a escrita egípcia pela redução de um termo, algo como a nossa redução de estou aqui para tô aqui”
Explicação:
BONS ETUDOS