Filosofia, perguntado por Maumaumello, 11 meses atrás

Neste desafio você deverá criar um texto que dialogue com a ideia kantiana de que o homem tem a obrigação moral de nunca mentir. Fundado no seu imperativo categórico, que nos obriga a universalizar nossas ações para que elas tenham a possibilidade de serem realizadas por todos. Em um de seus livros, o autor trabalha essa questão e chega à conclusão de que manter-se fiel à verdade é o mesmo que manter-se fiel à própria humanidade.

O caso mais emblemático seria: um homem está sendo perseguido e adentra sua casa. O perseguidor chega e lhe pergunta se você viu o homem: o que fazer?
- Cumprir a obrigação moral e falar a verdade?
- Mentir para salvar o homem?

Disserte a partir destas questões.

Orientação de resposta:
Para realizar este desafio, você deverá atender aos seguintes itens:
1 - trabalhar o conceito de imperativo categórico;
2 - levantar hipóteses em diálogo com a teoria moral kantiana.

Soluções para a tarefa

Respondido por kakamos
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Resposta:

PADRÃO DE RESPOSTA ESPERADO

O imperativo categórico kantiano funciona de maneira simples. Assim, aplicando-se à questão veremos se a mentira é uma máxima que deve ser universalizada. Esse é o mote da teoria moral de Kant. Procurar agir de maneira tal que todas as pessoas possam agir conforme aquela máxima que você utilizou. Logo, no exemplo acima, a pergunta seria: a mentira poderia ser universalizada como lei geral para todos?

De pronto, a resposta kantiana seria não. Se acaso mentíssemos estaríamos condenando a própria força da verdade. Mas e se mudássemos o argumento e pensássemos que não estávamos a mentir, mas que apenas, menti para salvar uma vida. Talvez essa regra pudesse ser considerada. Mesmo assim Kant manteve-se firme ao dizer que deveríamos nos manter firmes na verdade independentemente das consequências, que aliás, sempre serão imprevisíveis. Ressaltamos aqui um filme, "Efeito borboleta", no qual uma personagem quer voltar no tempo e consertar o que ela julgara errado, mas isso importa em outras consequências que nem sempre queremos assumir.

Não podemos olvidar que a formulação kantiana é extremamente importante para todas as teorias morais, contudo, também é sabido que os humanos não são seres perfeitos e unidimensionais, suas várias dimensões e sua incompletude e imperfeição levam a ações nem sempre pautadas por qualquer tipo de moral. O que nos resta é questionar se é possível a construção de uma moral que obrigue o humano a ações retas.

Seria aqui de uma feita, correto salvar o fugitivo e ao mesmo tempo também é correto dizer a verdade. Para Kant não há duas possibilidades, para nossa reflexão sobre a ética, pensamos que a nossa fragilidade nos faria mentir, por dois motivos: pelo medo do fugitivo ser apanhado e também pelo cálculo rápido da ação. Esses elementos não são importantes para Kant, que de alguma maneira pensava um homem afastado do mundo, o que é impossível.

Nem tanto ao mar nem tanto à terra, a saída ética para dilemas morais, pensamos, estaria no meio termo aristotélico que em cada caso realiza uma medida, e age a partir dela. Seria uma possibilidade, talvez, demorar na resposta até que o homem tivesse tempo para fugir. São dilemas, cabe-nos propor estas saídas, que não são as últimas, tampouco, as únicas.

Explicação:

simples assim

Respondido por jefinhorebolico
1

Resposta:

Explicação: PADRÃO DE RESPOSTA ESPERADO

Discutiremos a questão do trabalho que os etnógrafos fazem quando empregam o método de observação participante, no qual o pesquisador adentra à cultura, tomando parte de seus hábitos e tornando sua a rotina cultural dos nativos. Nesse sentido, surgem as questões, ou seja, podemos perceber pontos positivos e negativos. Vamos a eles.

Tomando como exemplo o Brasil e a atuação dos pesquisadores nas aldeias, não podemos afirmar ao certo se foram precisamente positivos ou negativos. O certo é que o encontro entre o homem branco e o índio pode ser interessante, por um lado, para a preservação da cultura indígena, assim como pode ser extremamente ofensivo, por outro. Ora, se não tivesse ocorrido esse choque de culturas, os índios estariam vivendo melhor que nos dias atuais? O que o homem branco leva para as aldeias, por exemplo, contribui, de fato, para uma melhora das condições dos indígenas? Se esse encontro não tivesse ocorrido, alguns problemas para os quais o homem branco tem a solução, talvez o índio sequer precisasse dela em sua cultura.

Outro ponto importante a ser considerado é o de que o encontro traz a evolução da cultura, sendo este inevitável dadas as condições de relacionamento e interesses nos quais nossa sociedade está inserida. E ainda, os índios se beneficiam com as novidades trazidas pelo homem branco. Estes pontos são argumentos válidos, mas é preciso saber se algum indígena foi questionado acerca do contato, ou se apenas a vontade do homem branco seria o bastante para justificar essa relação. Ou ainda, qual o verdadeiro interesse em áreas nas quais os índios vivem? A pesquisa que se justifica cientificamente não é inconsistente na justificativa social? Ou seja, se quisermos conhecer nossos antepassados, não deveríamos antes deixá-los se mostrarem? Eles são obrigados a essa relação?

O terreno considerado é extremamente complexo. Mas, é necessário considerar que o contato, por si só, já traz modificações de uma cultura para a outra. Assim, a questão é saber se há uma colonização, mesmo que mínima, de quem explora. Até onde os hábitos não se misturam? Não há aqui uma acusação em relação ao trabalho realizado, contudo, são questões importantes que se identificam com a questão da colonização, do respeito à cultura e das relações entre diferentes costumes. E saber até onde é benéfico para o pesquisado ser objeto de estudos. Há mais perguntas que respostas, mas a Etnografia deve respeitar o outro e ser cuidadosa. Este sempre foi o primeiro passo para um trabalho ético nessas circunstâncias.

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