Contabilidade, perguntado por Julianamoura5676, 10 meses atrás

Neste desafio propomos uma reflexão acerca da responsabilidade moral no sentido profissional. No tempo da ditadura militar, alguns funcionários do estado eram contratados apenas para realizar torturas. Esse indivíduo, portanto, poderia alegar que apenas estaria cumprindo as ordens de terceiros. Assim, pensaria estar se eximindo da culpa, que é o combustível para a formação moral. Há um filme brasileiro, intitulado Tempos de paz, no qual Segismundo, que é interpretado por Tony Ramos, é um desses indivíduos aos quais nos referimos. Essa situação, mesmo que em outro sentido, ainda é muito comum nos dias atuais. A partir desse enredo, crie um texto que dialogue com a ética da alteridade de Lévinas, que nos obriga a perceber que apenas existimos pelo rosto do outro, e critique as posições acima descritas.

Orientação de resposta:

Para realizar este desafio, você deverá atender aos seguintes itens:

1. Falar sobre a ética da alteridade.

Soluções para a tarefa

Respondido por bzwalissonp7qvu1
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PADRÃO DE RESPOSTA ESPERADO

A ética dentro do pensamento de Lévinas requer uma responsabilidade que transcende a mera prática de cumprimento de regras. Quando nos referimos à questão da responsabilidade dentro desse pensamento, aquilo que é o possível nunca será o bastante. Assim, quando visualizamos no filme, Segismundo, ou qualquer outro funcionário de regimes ditatoriais a realizar a tortura, para esse autor, dentro do pensamento da ética da alteridade, essa pessoa não estaria livre da responsabilidade apenas pela justificativa do cumprimento de regras.

Aqui não discutimos a responsabilidade profissional. A questão importante está ligada à responsabilidade moral enquanto maneira de mantermo-nos enquanto humanos. Ora, dentro do pensamento ético de Lévinas, a razão cede lugar à ética, e assim, por mais que exista um fundamento de hierarquia ou qualquer outro, por detrás dessa ação, o sujeito é responsável pelo outro. Pelo rosto que o interpela enquanto mostra sua fragilidade. A fragilidade do rosto nos interpela a fazermos o bem a ele. Assim, qualquer ação que esteja contra o rosto, em verdade, estaria contra a nossa própria humanidade. Para esse autor, a própria divindade residiria nesse rosto que se apresenta diante de nós. Por isso mesmo, nossa responsabilidade também infinita. O rosto é o local no qual vivenciamos nossa humanidade. Nossa colocação no mundo depende desse rosto. Desse outro.

Assim, independentemente da obrigação hierárquica, o outro nos passa a frente, por isso mesmo, nossa infinita responsabilidade sobre ele. Responsabilidade que não se encerra em nossa possibilidade racional, daí que poderíamos dizer que quando existem atos desse tipo, há ali uma própria negação de si mesmo. Quando violamos o rosto do outro, impedimos que nossa colocação no mundo se dê de maneira completa, e complexa. A negativa da ordem seria a saída ética, nesse sentido.

 

Respondido por annasigmaac
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Resposta:

Explicação:

A ideia de Lévinas a respeito da ética da alteridade seria mesmo essa possibildiade de o outro, com sua dimensão de absoluta diferença - inalcançável pelo nosso conceito. Nesse sentido, podemos observar que há uma violência, que é ela mesma imposta por aquilo que se chama habitualmente de conceitos. Assim, estes conceitos acabam por criar uma estrutura que oprime a diferença, privilegiando quem a ela se adequa.

Nesse sentido, podemos observar que diferença, sempre fora relegada à margem. Daí a necessidade de reflexão acerca de questões como esta. Ora, como nos ensina Brecht, "não é propriamente a água do rio que é bravia, mas as margens que a oprimem que acabam por torná-la assim". Não podemos conceber, nesse período de século, que pessoas sejam relegadas à margem da sociedade por preconceitos, seja lá de qual ordem for. Sobretudo porque a singularidade do ser humano comporta uma diversidade inalcançável pelo conceito que fecha a possibilidade de mudança, e compartimenta as pessoas entre certas e erradas. Boas e más. E isso elimina a singularidade. A dimensão infinita do outro. Portanto, não há que se dizer negros, brancos, homens e mulheres. Ora, a mulher tem um infinito no seu existir, e sua questão de gênero não poderia, de maneira alguma, encerrar sua existência. Isso deve ser aplicado às pessoas que são esquecidas de propósito por conta de questões raciais, de classe social ou qualquer outra. A ética da alteridade é uma busca por imaginar o ser humano antes do conceito, aproximado da ética, distante de uma razão seletiva e discriminatória.

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