Neste desafio, propõe-se a construção de um texto dissertativo que dê conta de um evento contemporâneo que afeta a ideia de alteridade e, por conseguinte, os direitos humanos. Para a realização do desafio considere os seguintes itens:
- a ideia de alteridade na dimensão de Lévinas;
- relação do problema suscitado com as questões contemporâneas de direitos humanos.
Soluções para a tarefa
Resposta:
PADRÃO DE RESPOSTA ESPERADO
A questão da alteridade é tema que perpassa todo o conteúdo de direitos humanos nos dias atuais. O pensamento de Lévinas é, na verdade, um apelo ao outro. Assim, com a ideia de que a existência do ser humano se dá a partir e na dimensão do rosto do outro, ele nos impulsiona a uma ética limite, que ensina a deixar o outro vir antes que o totalizemos com nossos conceitos racionais. Essa dimensão ética, portanto, inaugura uma responsabilidade perante o outro, esse estranho que nos é diferente e, ao mesmo tempo, partilha conosco a história na qual estamos inseridos.
Assim, perceber essa questão nos conduz a notar que diversas disputas em face dos direitos humanos carecem do termo alteridade para que sua compreensão se dê de maneira mais esclarecida. Entre nós, podemos pensar na população carcerária que cresce todos os dias, mesmo com algumas pessoas defendendo o aumento de penas. Em nosso país, o aumento da população carcerária não diminui o número de homicídios, por exemplo. Logo, percebemos uma mostra irrefutável de que o esquecimento do rosto do outro enquanto preso significa um descaso em face dos direitos humanos. A prisão cumpre o papel de uma espécie de "higienização social", na qual uma parcela empobrecida da população fica à mercê do direito penal, enquanto uma outra parcela nem sequer chega a ser investigada. A relação do sistema prisional com a pobreza desvela uma face complicada de nossa sociedade e de nosso poder judiciário que se divide entre pessoas que "merecem" ser condenadas e viverem em condições sub-humanas e pessoas que precisam de cuidados mais generosos.
Assim, esta reflexão crítica quer mostrar que a alteridade é a saída para a questão dos direitos humanos. O rosto, portanto, não pode ser tratado de maneira diferente por conta da questão social. Logo, para que tenhamos uma política real de direitos humanos, o outro não pode ser rotulado a priori. Por isso mesmo, reconhecê-lo como aquele que me permite estar no mundo nos inunda de responsabilidade ética, o que, por si só, não nos permitiria achar normais as condições com as quais essas pessoas têm que conviver. O senso comum considera natural tratar alguns seres humanos como animais. Essa selvageria não tarda em bater à porta destas mesmas pessoas que imaginam que nem todos os humanos devem ter seus direitos resguardados.
Explicação:
A ética da alteridade de Emmanuel Lévinas foi importante para o século XX visando o outro como ser com rosto e transcendental.
Nas palavras de Lévinas, "a face do ser que se mostra na guerra fixa-se no conceito de totalidade que domina a filosofia ocidental. Os indivíduos reduzem-se aí a portadores de formas que os comandam sem eles saberem. Os indivíduos vão buscar na totalidade o seu sentido (invisível fora dela)”.
Desse modo, a ética levinasiana foge de uma ética ocidental fundamentada na noção do sujeito solipsista e individualista. Para o pensador, a ética da alteridade deve conceber terceiros como sujeitos totais e que se relacionam por meio da mutualidade.
A ética da alteridade é, portanto, uma ética voltada ao sagrado e, com isso, consigo ver o meu outro como ser personalístico, respeitando sua finitude e sua presença no mundo.
A ética da alteridade pressupõe a concepção dos direitos humanos, a fim de abarcar os direitos civis e democráticos do povo e valorizar o "outro" com base na sua face.
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