[...] Nem a lógica ou a metafísica tradicionais estão em melhor posição
para compreender e resolver o enigma do homem. Sua primeira e suprema lei
é o princípio da contradição. O pensamento racional, o pensamento lógico e
metafísico, só pode compreender os objetos que estão livres da contradição e
possuem uma natureza e verdade coerentes. Entretanto, é precisamente essa
homogeneidade que nunca encontramos no homem. Não é lícito ao filósofo
construir um homem artificial; cumpre-lhe descrever um homem verdadeiro.
Todas as chamadas definições do homem não serão mais do que mera
especulação, enquanto não se basearem em nossa experiência sobre ele, dela
tendo a confirmação. Não há outro caminho para se conhecer o homem a não
ser o de compreender-lhe a vida e seu procedimento. Mas o que encontramos
aqui desafia toda tentativa de inclusão numa fórmula única e simples. A
contradição é o próprio elemento da existência humana. O homem não tem
“natureza” – não é simples e homogêneo. É uma estranha mistura de ser e
não-ser. Seu lugar fica entre esses dois polos opostos.
A filosofia das formas simbólicas parte do pressuposto de que, se existe
alguma definição da natureza ou “essência” do homem, só pode ser
compreendida como funcional, não como substancial. Não podemos definir o
homem por nenhum princípio inerente que constitui sua essência metafísica –
nem defini-lo por nenhuma faculdade ou instinto inatos, passíveis de serem
verificados pela observação empírica. A característica notável do homem, a
marca que o distingue, não é sua natureza metafísica ou física – mas seu
trabalho. É esse trabalho, o sistema das atividades humanas, que define e
determina o círculo de “humanidade”. A linguagem, o mito, a religião, a arte, a
ciência, a história são constituintes, os vários setores desse círculo. Uma
“filosofia do homem” seria, portanto, uma filosofia que nos desse a visão da
estrutura fundamental de cada uma dessas atividades humanas, e que, ao
mesmo tempo, nos permitisse compreendê-las como um todo orgânico. A
linguagem, a arte, o mito, a religião não são criações isoladas ou fortuitas, são
unidas entre si por um laço comum; este não é um vinculum substantiale
QUESTÕES SOBRE O TEXTO
1. Por que o autor afirma que não há uma natureza humana?
2. Que crítica o texto faz ao pensamento metafísico?
3. Como construir uma “filosofia do homem”?
Soluções para a tarefa
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Resposta:
1 Pois o homem é um grande enigma. A metafísica diante o homem é uma criança. portanto precisa alça volume maior para compreender o ser humano.
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