Natal
Queimou-se a palha
desvaneceu-se a gruta
apagou-se a estrela.
Onde Jesus na orgia
de tanta falsa luz?
Desertas as igrejas
repletas as lojas.
Tangem sinos em surdina
enquanto alto tilintam
caixas registradoras.
Sob fitas cujos laços
não enlaçam os corações
— duros que nem moedas —
montanhas de embrulhos
que a fé não remove.
No calvário do exílio
pinheiros moribundos
sob um carnaval precoce
murcham ao peso de lâmpadas
bolas rabichos de prata!
A alegria bem talhada
pelo figurino do consumo
enquanto a sede do vinho
e a fome do pão habitam
os lares de outros cristos.
Vagas de náusea solapam-me
a mesa cintilante e farta
onde o açúcar cristal
tornou-se vidro moído.
E eis que minha alma náufraga
lá se vai também murcha junto
às passas de Málaga.
No final do poema, o eu lírico se confessa nauseado diante da mesa natalina. Escolha e interprete duas imagens utilizadas por ele para exprimir seu sentimento.
Soluções para a tarefa
Resposta:
Nos versos finais há três imagens fortes que exprimem o sentimento do sujeito lírico: 1 – “o açúcar cristal tornou-se vidro moído” (interpretação possível: nos excessos da mesa natalina, o açúcar, ingrediente dos doces destinados ao prazer do paladar, provoca a dor e o sofrimento do eu lírico, que pensa nos “outros Cristos” que padecem de fome); 2 – “alma náufraga” (interpretação possível: em meio à exaltação e à alegria da festa, a alma do eu lírico sucumbe, naufraga, afoga-se na tristeza, ao pensar nos “lares de outros Cristos); “lá se vai também murcha junto / às passas de Málaga” (interpretação possível: em contraste à expansão festiva, à exultação, o sujeito lírico se recolhe, se encolhe, murcha como as uvas-passas).
Explicação:
,
Resposta:
Nos versos finais há três imagens fortes que exprimem o sentimento do sujeito lírico: 1 – “o açúcar cristal tornou-se vidro moído” (interpretação possível: nos excessos da mesa natalina, o açúcar, ingrediente dos doces destinados ao prazer do paladar, provoca a dor e o sofrimento do eu lírico, que pensa nos “outros Cristos” que padecem de fome); 2 – “alma náufraga” (interpretação possível: em meio à exaltação e à alegria da festa, a alma do eu lírico sucumbe, naufraga, afoga-se na tristeza, ao pensar nos “lares de outros Cristos); “lá se vai também murcha junto / às passas de Málaga” (interpretação possível: em contraste à expansão festiva, à exultação, o sujeito lírico se recolhe, se encolhe, murcha como as uvas-passas).
Explicação: